Laudas Críticas

O debate sabotado entre criacionistas e evolucionistas

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Uma das principais queixas dos contestadores da teoria da evolução de Charles Darwin (1809-1892) é a falta de espaço para eles nos meios de comunicação. De fato, a mídia tem sido geralmente muito pouco receptiva à divulgação dos conceitos criacionistas e de sua vertente mais sofisticada, o Design Inteligente (DI). Reacendido há poucos dias pelo jornalista Marcelo Leite em seu blog Ciência em Dia e sua coluna homônima da Folha de S. Paulo, o confronto entre eles e evolucionistas esteve ontem (sábado, 06/12) muito próximo de se tornar um interessante debate. A seção “Tendências/Debates”, da Folha, apresentou dois artigos de posições contrárias em resposta à pergunta “O criacionismo pode ser ensinado nas escolas em aulas de ciências?”. Lamentavelmente, a resposta por parte do representante criacionista foi um insulto à inteligência dos leitores.

O espírito de abertura para o confronto de idéias foi explícito por parte do biólogo e educador Charbel Niño El-Hani, professor da Universidade Federal da Bahia, com seu artigo “Educação e discurso científico’. Apesar de contrário ao ensino do criacionismo nas escolas, ele se pronunciou em favor da discussão em sala de aula sobre essa concepção acerca do universo e dos seres vivos. Por outro lado, Christiano P. da Silva Neto, presidente da Associação Brasileira de Pesquisa da Criação (ABPC), gastou um terço da extensão de seu texto “A teoria da evolução e os contos de fadas”* para tentar invalidar a tese evolucionista por meio do procedimento que em lógica é conhecido como falácia do argumento pela ignorância.

O outro fato é o desconhecimento das bases da teoria das probabilidades. Tivessem [os evolucionistas] algum conhecimento dessa parte da matemática, saberiam que não basta imaginar acontecimentos para que eles se tornem reais.
Para citar um único exemplo, as aves constroem seus ninhos e chocam seus ovos. Não os cucos, porém. Suas fêmeas não são acometidas daquele estado febril que lhes permitiria chocar seus ovos. Ela então leva um de seus ovos no bico até o ninho de uma chiadeira e, para não dar na vista, o substitui por um dos ovos que lá encontra, jogando o da chiadeira fora.
Esta, que de nada desconfia, se põe a chocar os ovos. Quando o pequeno cuco nasce, sendo um pássaro de porte maior, irá precisar de todo o alimento que seus pais postiços puderem obter. O filhote, então, logo em seus primeiros momentos de vida, inicia um movimento circular com o qual lança para fora ovos ou filhotes ali presentes, ficando só.
Agora, crer que essa estratégia de sobrevivência, tanto do cuco adulto quanto do cuco recém-nascido, pode ser produto das casualidades de um contexto naturalista é uma indicação de pouco conhecimento de matemática, em particular da teoria das probabilidades, de um mundo que é mesmo o dos contos de fadas, em que sapos viram príncipes e a teoria da evolução ganha contornos de realidade.

Em primeiro lugar, há um acintoso e ostensivo contra-senso logo nessa argumentação. Do primeiro e do último dos parágrafos acima transcritos se infere logicamente que todos os conhecedores do estudo de probabilidade são contrários ao evolucionismo, o que é falso. Além dessa estabanada forma de chamar os oponentes de ignorantes em matemática, há também a pressuposição de um cálculo probabilístico que apontaria para a quase impossibilidade de uma espécie ter evoluído no que é chamado de “contexto naturalista”. Esse cálculo, por sua vez, pressupõe o equacionamento de sabe-se lá quantas variáveis filogenéticas e ambientais e quantos eventos adaptativos, mas o articulista parece alegar possuir conhecimento de tudo isso.

Argumento pela ignorância

No final das contas, esses 1.300 caracteres com espaços em um texto com o total de 3.919 nada mais são que uma tentativa de se atribuir falsidade a uma teoria, no caso o evolucionismo, porque não haveria explicação baseada nela para o comportamento de uma espécie. Em outras palavras, trata-se do apelo ao Argumentum ad ignorantiam, o qual

é cometido sempre que uma proposição é considerada verdadeira na base, simplesmente, de que não foi provada sua falsidade, ou como falsa porque não demonstrou ser verdadeira. Mas nossa ignorância para provar ou refutar uma proposição não basta, evidentemente para estabelecer a verdade ou falsidade dessa proposição. (…) É curioso que haja um tão grande número de pessoas cultas propensas a cair nessa falácia, como o testemunham numerosos estudiosos da ciência que afirmam a falsidade das pretensões espíritas e telepáticas, simplesmente na base de que a verdade delas ainda não foi estabelecida.
(Irving Copi. Introdução à Lógica. Trad. de Álvaro Cabral. São Paulo: Mestre Jou, 1974, pág. 77)

Independentemente dessa argumentação desastrada, praticamente todas as afirmações de Silva Neto desconsideram aspectos epistemológicos fundamentais nesse tipo de discussão. Segundo ele

Do ponto de vista científico, o criacionismo resulta das seguintes perguntas: “O que nos dizem os fatos da natureza e os resultados das pesquisas realizadas pelos cientistas (não importando suas ideologias) acerca das origens do universo e da vida? Falam eles de uma origem naturalista ou sobrenaturalista?”.

Fatos, por si sós, não dizem absolutamente coisa alguma. Toda observação é sempre observação à luz um referencial teórico. Em diferentes épocas, astrônomos observaram as trajetórias dos corpos celestes, mas desenharam suas trajetórias de um modo quando o faziam com base o sistema de Cláudio Ptolomeu (87-151 d.C.), que considerava a Terra como centro do universo, e, de outro modo, após ser consagrado o sistema de Nicolau Copérnico (1473-1543), cujo referencial é heliocêntrico. Trocando em miúdos, essas perguntas feitas “para os fatos” já contêm em si as respostas — o que leva a outro tipo de falácia, que é a petição de princípio, popularmente chamada de círculo vicioso —, e elas não se encontram no corpo da ciência construída a partir da Idade Moderna.

A esse respeito, a argumentação de El-Hani tem o mérito de discernir os diferentes planos de conhecimento envolvidos e de relacioná-los à sua proposta de convivência civilizada entre opiniões divergentes:

Antes pelo contrário, o professor de ciências deve explorar essas vozes discordantes para discutir as variadas maneiras como os seres humanos compreendem e explicam o mundo e, mais, a importância de distinguir entre diversos discursos humanos, fundados em pressupostos distintos sobre o que constitui o mundo (pressupostos ontológicos) e sobre o que constitui conhecimento válido (pressupostos epistemológicos).

Erro de evolucionistas

Na minha opinião, muitas vezes muitos defensores do evolucionismo incorrem em graves erros do ponto de vista epistemológico. Um dos principais é a afirmar que a seleção natural é uma teoria que tem sido comprovada por observações. Isso não é correto, pois nenhuma teoria tem sua verdade provada por observações e experimentações, como bem explicou o filósofo da ciência austríaco Karl Popper (1902-1994) em seu livro mais famoso, A Lógica da Pesquisa Científica, de 1934.

Muitos estudiosos não concordam com várias das teses de Popper, principalmente a da demarcação entre ciência e não ciência, mas reconhecem um de seus grandes méritos, que foi mostrar que as ciências empíricas nunca são comprovadas: elas são corroboradas ou refutadas à medida que se expande o conhecimento dos objetos e fenômenos estudados, ou que se aperfeiçoam os instrumentos de observação e de medição. Justamente por não poderem ser provadas como verdadeiras é que, com o passar do tempo, elas podem ser refutadas. Se não fosse assim, os fundamentos da ciência seriam imutáveis.

Mas há também muitas alegações inválidas por parte de criacionistas no plano filosófico. Uma delas é a afirmação de que o pensamento de Platão (427-347 a.C.) foi precursor do Design Inteligente, que tem entre seus principais formuladores o bioquímico Michael Behe, da Universidade Lehigh, e o matemático e filósofo William Dembski, professor do Southwestern Baptist Theological Seminary. No pensamento platônico, o Demiurgo, entidade formulada no livro Timeu, seria, segundo alguns adeptos do DI, o planejador criador do mundo em que vivemos. Na verdade, para Platão, o Demiurgo apenas organizou o mundo sensível, que é eterno (Timeu, 53b); não o criou ex nihilo, isto é, do nada, como o Deus judaico-cristão.

Pressupostos filosóficos

Por trás de muitos argumentos contrários ao evolucionismo estão antigos pressupostos filosóficos tidos como ultrapassados, mas que continuam a guiar nosso pensamento. Um deles é o ideal de uma finalidade externa que guia os processos do mundo. Segundo Platão (Timeu, 30b6-c1), por meio de sua alma (psyché), que lhe dá vida, cada homem se relaciona com a Alma do Mundo, que é a origem de todo o conhecimento. Desse modo, a psyché permite ao homem se relacionar com o plano das Idéias, o que o faz aspirar ao — ou seja, ter como finalidade o — conhecimento e também à idéia do Bem. Seu discípulo Aristóteles (384-322 a.C.), na Metafísica (Livro Δ, 1013a-1014a) e na Física (Livro B, 194b-195a), reconstrói esse universo conceitual com sua teoria da causalidade, na qual a causa final (télos) conduz a causa eficiente (kínous) a dar causa formal (eídos) à causa material (hylé).

Predominante em grande parte do pensamento medieval, a télos aristotélica tornou-se Deus, a causa finalis governadora de tudo no mundo fechado, finito e bem-ordenado, como descreveu o filósofo e historiador da ciência Alexandre Koyré (1892-1964) em seu livro Do Mundo Fechado ao Universo Infinito, de 1958. Com a revolução copernicana e a construção da ciência moderna, a causa finalis é banida do universo infinito, homogêneo e geometrizado, cujos fenômenos passam a ser explicados por relações de causa e efeito. Mas ela permanece na religião, na metafísica e em diversas manifestações do senso comum, inclusive no senso comum da ciência. Na minha opinião, o Design Inteligente é uma proposta que mal se dá conta do peso sobre si de toda essa tradição filosófica.

Omissão da imprensa

Nascida junto com essas transformações do pensamento ocidental, a imprensa se identifica com elas e assume o papel de defensora dos cânones da cientificidade. E muitas vezes o faz de modo a desrespeitar o preceito jornalístico fundamental de promover o debate de idéias, como, por exemplo, ao não dar espaço para contestadores como Behe e Dembski. Uma coisa é a academia decidir o que pretende pesquisar e divulgar — e, nesse ponto, grande parte das contestações ao evolucionismo não têm condições ser aceitas como contestações científicas. Outra coisa é a imprensa negar a existência de controvérsia dentro da própria comunidade acadêmica (ver “A scientific dissent from darwinism”).

As poucas exceções a essa atitude predominante na imprensa freqüentemente são incompreendidas por membros da comunidade científica. Em 2001, por exemplo, Maurício Vieira Martins, professor do Departamento de Sociologia da Universidade Federal Fluminense, em um interessante estudo sobre o livro A Caixa-Preta de Darwin, de Behe, afirmou que eu fiz uma “resenha elogiosa” a essa obra (“De Darwin, de caixas-pretas e do surpreendente retorno do ‘criacionismo'”. História, Ciências, Saúde — Manguinhos, Rio de Janeiro, v. 8, n. 3, dezembro de 2001).

Na verdade, minha reportagem “Darwinismo radical” (Folha, Mais!, 13/12/1998) se referiu a outro livro, A Perigosa Idéia de Darwin, de Daniel Dennett, professor de filosofia da mente e ciências cognitivas da Universidade Tufts, um dos mais ferrenhos opositores ao Design Inteligente, que foi criticado por Behe em sua obra acima citada, apesar de ter sido lançado no Brasil depois dela. Como meu propósito foi fazer uma reportagem — e não uma resenha, como compreendeu indevidamente Martins — apresentei argumentos das duas obras e entrevistei os dois autores dando-lhes as devidas aspas. E, diferentemente do que afirmou o professor da UFF, eu contestei Behe e outros aspectos do DI ao dizer:

Sem postular a existência de Deus, como os criacionistas, eles propõem que deve ter havido uma intervenção externa ao processo de formação das moléculas que deram origem à vida. Eles chamam essa intervenção de planejamento inteligente. Mas falham ao tentar mostrar argumentos que fundamentem a necessidade dessa hipótese.

Enviei esclarecimentos sobre esse equívoco de Martins em carta via para ele e para os editores da revista História, Ciências, Saúde — Manguinhos, da Fiocruz. O professor da UFF jamais se pronunciou publicamente sobre isso, e a revista publicou minha carta em uma seção da versão impressa que não é disponível na internet.

No Brasil, entre os defensores do Design Inteligente, o mais veemente crítico da atuação da imprensa é, certamente, Enézio Eugênio de Almeida Filho, mestre em história da ciência. Devido ao seu estilo provocativo — vide o nome de seu blog Desafiando a Nomenklatura Científica —, em discussões na internet muitas vezes ele perdeu o foco nos pontos essenciais, da mesma forma que alguns opositores seus, o que geralmente leva a ataques e desgastes desnecessários. Mas já tive a oportunidade de conversar longamente com ele em um almoço aqui em São Paulo, e conseguimos contrapor nossas divergências “numa boa”, mesmo segurando facas e garfos. Brincadeiras à parte, foi uma conversa agradável e, pelo menos para mim, muito interessante.

Não há razão em transformar esse confronto de idéias em uma guerra, e isso vale também para a educação, que poderia se pautar, por exemplo, pela proposta de El-Hani. E uma forma de evitar o acirramento dos ânimos que sempre prejudicam um debate é não insultar a inteligência dos interlocutores, como aconteceu nesse último sábado, desperdiçando parte do espaço proporcionado pela Folha.

* Há uma versão expandida desse artigo no site da ABPC: http://abpc.impacto.org/folha.htm.

* * * * * * *

Mais informações sobre o assunto:

Criacionismo X evolucionismo (várias reportagens e artigos, Comciência, Labjor/Unicamp, Campinas, n. 56, julho de 2004)

Marília Coutinho, “Criacionismo: A religião contra-ataca” (Galileu, edição 121, agosto de 2001)

Pablo Nogueira, “A ciência da criação” (Galileu, edição 186, janeiro de 2007)

Pew Forum on Religion & Public Life (The Pew Charitable Trusts)

Evolution and biology (página do site oficial de Richard Dawkins)

Discovery Institute

Sociedade Criacionista Brasileira

Charbel Niño El-Hani & Eduardo Fleury Mortimer, Multicultural education, pragmatism, and the goals of science teaching (Cultural Studies of Science Education, v. 2, n. 3, julho de 2007)

The Talk Origins Archive — Exploring the Creation/Evolution Controversy [acrescentado em 08/12/2008]

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Written by Mauricio Tuffani

domingo, 07/12/2008 às 12:45

37 Respostas

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  1. O que muitas pessoas esquecem (ou não sabem) é que evolução é fato. É observável e demonstrável. O que se discute em esfera acadêmica são detalhes de como a evolução discorre ( e discorreu), o que amplamente é referido como teoria da evolução. Isso não invalida a teoira da evolução como única explicação válida (substanciada em fatos) para a vida na terra. O debate “Evolucionismo x Criacinismo” de fato não existe ou é irrelevante no meio acadêmico, pois criacionismo não é ciência. Pessoas como Dembski e Behe tentam tirar proveito das massas pouco instruídas em ciência para disseminarem a falsa idéia de que criacionismo é “uma alternativa válida” e de que “há controvérsia”. Obviamente a igreja financia. Todos os ataques de proponentes do DI que alegam supostas fraquezas na teoria da evolução já foram completamente refutados pois como o autor do post coloca, não passam de argumentos falaciosos.

    Andre

    domingo, 07/12/2008 at 14:16

  2. Design Inteligente não é Criacionismo! O que me parece religião é justamente as teorias de Darwin, que são defendidas com fervor religioso e ideológico por quem pensa que entende de ciência. A “objetividade” cega dos darwinistas contribuiu para o Holocausto da 2ª Guerra Mundial perpetrado por Adolf Hitler. Além disso considero uma falácia o embate Ciência v. Religião, eis que a Arqueologia e a História vêm comprovando desde o século XIX a veracidade dos relatos bíblicos, o que demonstra que a Bíblia não é um livro mitológico, mas um livro histórico por excelência. Sem falar que a maioria esmagadora dos cientistas e dos jornalistas não sabe é que o que se conhece de Cristianismo é na verdade um misto de filosofia grega com crenças pagãs, que obviamente não
    conferem com as descobertas científicas de ontem, hoje e de amanhã. Somente o conhecimento científico acerca da Bíblica possibilitado pela Arqueologia, pela História, pela Lingüística e pela Antropologia é que pode mostrar aos intelectuais que a Bíblia é um livro único: religioso, sapiencial e científico. Nenhum outro livro religioso se compara à Bíblia em termos científicos!

    Evelin

    segunda-feira, 08/12/2008 at 19:15

  3. Prezada Evelin,

    Agradeço pelo seu interesse em debater o assunto. Para entender melhor suas asserções, peço, por favor, que explique o que você entende por ciência. Aguardo por sua resposta.

    Cordialmente,

    Maurício Tuffani

    Mauricio Tuffani

    segunda-feira, 08/12/2008 at 22:10

  4. A atitude dos evolucionistas no debate contra o criacionismo (ou design inteligente) me lembra a atitude dos faraós no antigo egito que, ao tomar o poder, mandavam apagar inscrições que se referiam a seus antecessores, ou então a atitude de alguns escribas e fariseus que simplesmente evitavam até pronunciar o nome de seus oponentes como forma de desqualifica-los e apagar seu nome da história.

    O evolucionismo, ao contrário do que seus proponentes tanto afirmam e desejam, não está isento de pressupostos RELIGIOSOS em suas teorias. Não há neutralidade religiosa no evolucionismo.

    Quanto a isso, vale a pena conferir a obra “The myth of religious neutrality: an essay on the hidden role of religious beliefs in theories”, de Roy A. Clouser, na qual ele aponta o papel das crenças religiosas no desenvolvimento de teorias.

    Glauber Ataide

    terça-feira, 09/12/2008 at 12:27

  5. Como o senhor já abordou os temas mais relevantes, teço apenas um comentário lateral.

    O autor, Silva neto, simplesmente ignora que nem todas as espécies de cucos são parasitas obrigatórios de ninhos. Há várias espécies aparentadas e toda uma diversidade de comportamento reprodutivo, dando uma boa idéia dos processos que levaram algumas espécies ao parasitismo de ninho.

    Vários estudos abordam os cenários e histórias evolutivas da biologia dos cucos. Dois deles:

    The evolution of cuckoo parasitism: a comparative analysis.
    http://www.pubmedcentral.nih.gov/articlerender.fcgi?tool=pubmed&pubmedid=11886625

    The evolution of obligate interspecific brood parasitism in birds
    http://www.ingentaconnect.com/content/oup/beheco/2001/00000012/00000002/art00128

    []s,

    Roberto Takata

    Roberto Takata

    terça-feira, 09/12/2008 at 16:23

  6. Caro Glauber,

    Bem apropriada sua observação. Nunca li essa obra de Clouser. Conheci alguns de seus artigos, principalmente “Genesis on the Origin of the Human Race” (http://www.asa3.org/ASA/PSCF/1991/PSCF3-91Clouser.html). Há uma página com vários artigos dele (http://www.freewebs.com/royclouser/longerarticles.htm) à qual eu cheguei em função de pesquisar justamente o confronto criacionismo-evolucionismo.

    A abordagem de Clouser me pareceu muito rica, e acho que ela pode trazer elementos importantes para este debate. Mas tive a impressão de uma certa falta de radicalidade filosófica. Uma certa falta de refletir sobre as condições de possibilidade da ciência e da religião.

    Toda religião, assim como toda ciência, tem seus pressupostos ontológicos. (Escrevo sabendo que muitos cientificistas podem rir disso — ingenuamente, é claro.) Em outras palavras, o fundamental é a relação da ciência e da religião com o ideário mais amplo em que se sustentam ao passo que a relação entre uma e outra é secundária, por mais importante que seja.

    Um detalhe importante: Clouser, pelo que lembro, tem uma concepção bastante abrangente de religiosidade. Nesse sentido, acho que precisamos ir devagar com o andor, porque o deus, nesse caso, foi feito com um barro um pouco mais diluído.

    Grande abraço,

    Maurício Tuffani

    PS — Só não entendi uma coisa, e isso pode ser completamente independente do que você afirmou sobre o evolucionismo: você se limitou a apontar inconsistências em defensores do darwinismo (atitude que também adoto) ou é contrário a ele?

    Mauricio Tuffani

    terça-feira, 09/12/2008 at 17:51

  7. Maurício,

    Seria essa “falta de refletir sobre as condições de possibilidade da ciência e da religião” justamente o que vem no parágrafo seguinte, onde você discorre sobre os pressupostos ontológicos?

    Se for isso, creio que este é o ponto crucial da obra de Clouser. A radicalidade de sua análise está em justamente buscar essas raízes do “teorizar” e apontar suas influências religiosas.

    Certamente, como você observou, o “deus” de Clouser foi feito com um barro mais diluído, pois muitas coisas que não se considera geralmente como “deus” caem nessa categoria em sua análise. No entanto, isso não é sem razão. Clouser, no início de sua obra, empreende uma análise para buscar qual é o denominador comum para que se possa considerar uma crença como religiosa, seja ela a crença em um ser supremo, em poderes sobrenaturais, ou o que for. Sua crítica considera as propostas anteriores a ele como deficientes. Para ele, a melhor explicação é que uma divindade é aquilo que é incondicional, não-dependente de nada para existir, aquilo que é auto-suficiente. Nessa definição se encaixam tanto o Deus cristão, quanto o Nada do budismo ou a Matéria dos materialistas, por exemplo.

    Isso é, a diferença entre essas coisas (o Deus cristão, o Nada budista, a Matéria, etc) é simplesmente a coisa à qual se atribui o que ele chamada de “status de divindade”. Todas essas posições concordam que há algo que é auto-existente, cuja existência não depende de nada externo a si próprio.

    A crítica de Clouser aponta que em muitas teorias científicas, por exemplo, o que ocupa este status de divindade é a Matéria, isso é, o pressuposto de que a matéria é eterna, incriada, não-dependente. Dessa forma, porque não poderia uma teoria científica postular, de maneira consciente, o status de divindade ao Deus cristão, sendo que qualquer teoria o atribui a alguma coisa, mesmo sem perceber?

    P.S.: Na verdade, meus comentários se limitaram a apontar inconsistências no “cientificismo neutro” (ou que se julga religiosamente neutro). Não descarto a evolução, e nem o design inteligente, pois, se a crença em Deus pode ser epistemicamente justificada (seja como “crença apropriadamente básica”, em Alvin Plantinga, ou com a ajuda da teologia natural), não vejo razão para excluir completamente uma divindade do processo de criação. Tenho acompanhado alguns debates, e inclusive tenho o livro “A caixa preta de Darwin”, do Michael Behe, o qual você citou em seu post. Talvez minha posição quanto ao debate esteja se encaminhando para uma síntese, para um “evolucionismo teísta”.

    Abraços,
    Glauber Ataide

    Glauber Ataide

    quarta-feira, 10/12/2008 at 11:13

  8. Mauricio, agora eu quem ficou curioso: o que é o darwinismo (para saber se eu o defendo ou não)?

    Leonardo Martins

    quinta-feira, 11/12/2008 at 6:38

  9. Prezado Leonardo,

    Uma excelente explicação sobre o significado do termo “darwinismo” e de suas variações está no item “O que é darwinismo?” do seguinte endereço:

    http://biociencia.org/index.php?option=com_content&task=category&sectionid=8&id=38&Itemid=83

    Mauricio Tuffani

    sexta-feira, 12/12/2008 at 23:52

  10. […] apresentou dois artigos de posições contrárias em 06/11, que comentei em “O debate sabotado entre criacionistas e evolucionistas” […]

  11. “Na minha opinião, muitas vezes muitos defensores do evolucionismo incorrem em graves erros do ponto de vista epistemológico. Um dos principais é a afirmar que a seleção natural é uma teoria que tem sido comprovada por observações. Isso não é correto, pois nenhuma teoria tem sua verdade provada por observações e experimentações, como bem explicou o filósofo da ciência austríaco Karl Popper (1902-1994) em seu livro mais famoso, A Lógica da Pesquisa Científica, de 1934.”

    Acho um pouco exagerado dizer que se trata de GRAVE erro epistemológico. Quando se diz que a seleção natural tem sido provada, entende-se que a ação da seleção foi demonstrada, o processo foi evidenciado (corroborado) por experimentação, como no trabalho de Peter Grant com os Tentilhões das Galápagos. Não se trata de uma afronta a um dos princípios epistemológicos da teoria de Popper.

    Thomas

    terça-feira, 16/12/2008 at 0:23

  12. Sr. Thomas, só para registro: o Sr. acaba de afirmar que, no contexto do confronto entre evolucionistas e criacionistas, as alegações de comprovação da seleção natural são expressões com licença narrativa por parte de cientistas conscientes da diferença entre comprovação e corroboração de enunciados básicos de uma teoria. Paro por aqui.

    Mauricio Tuffani

    terça-feira, 16/12/2008 at 0:57

  13. […] Folha de S. Paulo, o confronto entre eles e evolucionistas esteve ontem (sáb Veja o post completo clicando aqui. Post indexado de: […]

  14. Excelente material de reflexão.
    Deixarei um link seu no meu site para que haja maior conhecimento público sobre este tema.

    whataheal

    sexta-feira, 16/01/2009 at 11:34

  15. […] Mas ninguém o fez melhor e com mais propriedade do que Maurício Tuffani, em dois textos( aqui […]

  16. Em muitas das pesquisa eu Maria da Cnceição não acho uma resposta certa para evolucionismo…

    Maria Da Conceição

    quarta-feira, 10/03/2010 at 10:50

  17. O que ocorre, minha cara maria, é que a busca pela verdade deve partir de uma verdade e nem os criacionistas aceitam a verdade o dos evolucionistas, nem os evolucionistas aceitam a verdade dos criativistas. Tata-se de duas correntes de pensamentos, porém não são distintas, porque ambas vêem a verdade da outra e também a mentira. RSRSRS
    Não tente entender, faça apenas o trabalho que o professor pediu. Esses temas são vistos nos curriculos dos cursos superiores apenas com a intenção de fazer o sujeito pensar. Ninguém vai mudar o mundo, mesmo respondendo corretamente todas essas questões, antes de Darwin já existiam tais pensamentos, antes de Cristo outros, e assim vamos até acabar a energia que move o universo, ou seria ele um moto-contínuo?
    Abraços…Ocupe-se em pesquisar o orgasmo, quem sabe você consegue explica-lo até sua velhice, porque o universo e sua criação é discussão pra mais 20 séculos, no mínimo. Às favas o evolucionismo.

    Ivan

    segunda-feira, 10/05/2010 at 23:00

  18. Tuffani

    Acho que você incorre em um equívoco ao dizer que a imprensa nega

    a existência de controvérsia dentro da própria comunidade acadêmica (ver “A scientific dissent from darwinism”).

    com base nessa lista de “dissidentes do darwinismo”. Se você examinar essa lista com atenção vai descobrir que a maioria, senão todos, ou não é cientista (abundam engenheiros) ou não é do ramo (abundam engenheiros), ou os dois.
    Controvérsias científicas reais não se dão em mesas redondas de faculdades confessionais, ou na Veja, ou no Observatório da Imprensa, ou em programas de auditório. Controvérsias científicas se dão em publicações especializadas, e foruns especializados. A verdade é que os criacionistas fogem de uns e outros, pois sabem que suas alegações não possuem mérito científico, e é por isso que não tem trabalhos peer-reviewed publicados.
    Se querem reconhecimento científico devem se submeter ao mesmo escrutínio que todos de qualquer área se submetem, não ficar tentando mudar própria Ciência para se adequar às suas idiosincrasias.

    Gato Precambriano

    segunda-feira, 24/05/2010 at 19:46

  19. Caro Gato Precambriano,

    Uma coisa é dizer que há muitos engenheiros nessa lista, e há mesmo. Não contei, mas há muitos cujas áreas são de pesquisa básica. E eu não disse que a imprensa é o foro adequado para resolver controvérsias científicas. Refiro-me somente ao fato de que existem pesquisadores de áreas diretamente relacionadas ao cristianismo evolucionismo e que não são geralmente ouvidos pela imprensa.

    Saudações,

    Maurício Tuffani

    Mauricio Tuffani

    segunda-feira, 24/05/2010 at 20:08

  20. Maurício

    A questão não é se há “muitos cujas áreas são de pesquisa básica”, a questão é pesquisa básica em quê? Se houvessem um número significativo de cientistas, com trabalhos produzidos, publicados em periódicos especializados, nas áreas que dizem algum respeito à Evolução: Biologia, Paleontologia, Genética, etc., então haveria de fato uma controvérsia científica digna desse nome. Mas então essa lista seria, como é, irrelevante, do ponto de vista cientifico. É uma peça de RP, marketing, que não acrescenta nada, apenas encobre o fato evidente, notorio, de que em mais de um século de contestação da ToE, tudo o que os criacionistas tem são as mesmas objeções repetidas ad nauseaum, ignorando totalmente as igualmente repetidas refutações de seus argumentos. Algo que só é possível na medida em que se dirigem não aos pares, mas ao público leigo.
    Não entendi o que você quer dizer com “pesquisadores de áreas diretamente relacionadas ao cristianismo e que não são geralmente ouvidos pela imprensa”. Como assim? Ouvidos enquanto cientistas, ou ouvidos enquanto cristãos? Aliás, cristãos de uma das mais de 30 mil denominações que existem, é bom que fique claro. Mas realmente não entendi sua posição. O que são “áreas diretamente ligadas ao cistianosmo”? Você acha que esses “pesquisadores” devem ser ouvidos a respeito do quê exatamente? E porque?
    Desculpe, mas realmente não está claro.

    []’s

    Gato Precambriano

    terça-feira, 25/05/2010 at 0:28

  21. Gato Precambriano, respondi ontem à noite na correria, em meio a emergências editoriais, e finalizei meu comentário desastradamente. Fiz um pequeno ajuste agora, mas depois respondo. Saudações.

    Mauricio Tuffani

    terça-feira, 25/05/2010 at 9:18

  22. Anotado. Aguardo sua manifestação.

    []’s

    GP

    Gato Precambriano

    terça-feira, 25/05/2010 at 15:54

  23. Prezado Gato Precambriano,

    Primeiramente, acho questionável seu pressuposto de que, para se admitir a existência de uma controvérsia, é necessário um questionamento ter sido realizado por um número significativo de trabalhos publicados em periódicos especializados. O que é “um número significativo”? Não bastaria a simples existência de um número ainda que reduzido de artigos dissidentes em publicações indexadas para se ter uma controvérsia?

    Em segundo lugar, não contabilizei as qualificações dos integrantes da lista “Scientific Dissent of Darwinism”, mas constatei que, além de outras áreas, essa relação abrange pelo menos uma centena de pesquisadores em biologia, inclusive de instituições renomadas.

    Finalmente, copio abaixo a relação de alguns artigos publicados nos últimos 12 anos apontados por adeptos do DI como sendo de conclusões contrárias a preceitos centrais do evolucionismo. Não estou emitindo juízo favorável ou contrário a isso. Apenas observo que em geral a imprensa simplesmente deixa de considerar argumentos como a mera indicação desses estudos.

    Um aspecto importante: de minha parte, na remota hipótese de que você mesmo venha a eventualmente afirmar que avaliou esses estudos, concluiu que todos eles são pertinentes e de fato coloquem questões insolúveis para o evolucionismo, e que existem muitos outros trabalhos com conclusões na mesma linha, eu não sairia por aí dizendo que a ToE deve ser abandonada, e menos ainda concordaria com a inserção de uma explicação metafísica no corpo da teoria para resolver o que seria, dessa forma, inexplicado.

    No final das contas, o que está em questão é outra coisa: muitos dos defensores do evolucionismo (e eu não disse os defensores do evolucionismo) não querem sequer a menção na mídia às teses do DI, a não ser estritamente enquadradas nos termos do stablishment darwinista. Querem, isso sim, que a imprensa se paute exclusivamente por eles mesmos. Mas a imprensa não deveria fazer assim.

    Saudações,

    Maurício Tuffani

    PATTERSON, C. et al., Congruence Between Molecular and Morphological Phylogenies, Annual Review of Ecology and Systematics, Vol. 24: 153-188 (1993).

    TURBEVILLE, J. M.; SCHULZ, J. R.; RAFF, R. A., Deuterostome Phylogeny and the Sister Group of the Chordates: Evidence from Molecules and Morphology, Molecular Biology and Evolution, Vol. 11(4):648-655 (1994).

    HASEGAWA, M.; ADACHI, J.; MILINKOVITCH, M. C., Novel Phylogeny of Whales Supported by Total Molecular Evidence, Journal of Molecular Evolution, Vol. 44(Suppl 1):S117–S120 (1997).

    DE JONG, W. W., Molecules remodel the mammalian tree, Trends in Ecology and Evolution, Vol. 13(7):270-275 (July, 1998).

    WOESE, C., The universal ancestor, Proceedings of the National Academy of Sciences USA, Vol. 95: 6854-6859 (June, 1998).

    NORMILLE, D., New Views of the Origins of Mammals, Science, Vol. 281:774 (August 7, 1998).

    MINDELL, D. P. et al., Multiple independent origins of mitochondrial gene order in birds, Proceedings of the National Academy of Sciences USA, Vol. 95: 10693-10697 (September 1998).

    CAO, Y. et al., Conflict Among Individual Mitochondrial Proteins in Resolving the Phylogeny of Eutherian Orders, Journal of Molecular Evolution, Vol. 47:307-322 (1998).

    MUSHEGIAN, A. R. et al., Large-Scale Taxonomic Profiling of Eukaryotic Model Organisms: A Comparison of Orthologous Proteins Encoded by the Human, Fly, Nematode, and Yeast Genomes, Genome Research, Vol. 8:590-598 (1998).

    NAYLOR, G. J. P.; BROWN, W. M., Amphioxus Mitochondrial DNA, Chordate Phylogeny, and the Limits of Inference Based on Comparisons of Sequences, Systematic Biology, Vol. 47: 61-76 (1998).

    VAN HOLDE, K. E., Respiratory proteins of invertebrates: Structure, function and evolution, Zoology: Analysis of Complex Systems, Vol. 100: 287-297 (1998).

    LEIPE, D. D. et al., Did DNA replication evolve twice independently?, Nucleic Acids Research, Vol. 27(17): 3389-3401 (1999).

    BENTON, M. J., Early origins of modern birds and mammals: molecules vs. morphology, BioEssays, Vol. 21:1043-1051 (1999).

    LEE, M. S. Y., Molecular Clock Calibrations and Metazoan Divergence Dates, Journal of Molecular Evolution, Vol. 49: 385-391 (1999).

    LEE, M. S. Y., Molecular phylogenies become functional, Trends in Ecology and Evolution, Vol. 14(5): 177-178 (May, 1999).

    DOOLITTLE, W. F., Phylogenetic Classification and the Universal Tree, Science, Vol. 284:2124-2128 (June 25, 1999).

    MORRIS, S. C., Evolution: Bringing Molecules into the Fold, Cell, Vol. 100:1-11 (Jan. 7, 2000).

    DOOLITTLE, W. F., Uprooting the Tree of Life, Scientific American (February, 2000).

    COLLARD, M.; WOOD, B., How reliable are human phylogenetic hypotheses?, Proceedings of the National Academy of Sciences USA, Vol. 97(9):5003-5006 (April 25, 2000).

    GURA, T., Bones, molecules, or Both?, Nature, Vol. 406:230-233 (July 20, 2000).

    BENTON, M. J., Finding the tree of life: matching phylogenetic trees to the fossil record through the 20th century, Proceedings of the Royal Society of London B., Vol. 268:2123-2130 (2001).

    LOCKHART, P. J.; CAMERON, S. A., Trees for bees, Trends in Ecology and Evolution, Vol. 16:84-88 (2001).

    SALZBERG, S. L. et al., Microbial Genes in the Human Genome: Lateral Transfer or Gene Loss?, Science, Vol. 292:1903-1906 (June 8, 2001).

    WILLS, M. A., The tree of life and the rock of ages: are we getting better at estimating phylogeny, Bioessays, Vol. 24:203-207 (2002).

    NARDI, F. et al., Hexapod Origins: Monophyletic or Paraphyletic?, Science, Vol. 299:1887-1889 (March 21, 2003).

    GRAUR, D.; MARTIN, W., Reading the entrails of chickens: molecular timescales of evolution and the illusion of precision, Trends in Genetics, Vol. 20(2):80-86 (February 2004).

    GLAZKO, G. et al., Eighty percent of proteins are different between humans and chimpanzees, Gene, Vol. 346:215-219 (2005).

    DAVISON, J. A., A Prescribed Evolutionary Hypothesis, Rivista di Biologia/Biology Forum, Vol. 98: 155-166 (2005).

    NEWMAN, S. A., The Developmental Genetic Toolkit and the Molecular Homology-Analogy Paradox, Biological Theory, Vol. 1(1):12-16 (2006).

    DOOLITTLE, W. F.; BAPTESTE, E., Pattern pluralism and the Tree of Life hypothesis, Proceedings of the Biological Society of Washington USA, Vol. 104 (7):2043–2049 (February 13, 2007).

    DUNN, C. W. et al., Broad phylogenomic sampling improves resolution of the animal tree of life, Nature, Vol. 452(7188):745-749 (April 10, 2008).

    LOPEZ, P.; BAPTESTE, E., Molecular phylogeny: reconstructing the forest, Comptes Rendus Biologies, doi:10.1016/j.crvi.2008.07.003 (2008).

    SCHWABE, C., Embryotic evolution: An ancient question, a new answer, Cell Cycle, Vol. 7(11):1503-1506 (June 1, 2008).

    Mauricio Tuffani

    quarta-feira, 26/05/2010 at 22:05

  24. Caro Maurício

    Primeiro, havemos de convir que há controvérsias e controvérsias. De que controvérsia estamos falando afinal? Ou, dito de outra forma, o que é que se está a chamar de controvérsia? Podemos dizer, por exemplo, que existe uma “controvérsia” histórica sobre a ocorrência do Holocausto, porque há um ou dois sujeitos formados em História que assim o afirmam? Podemos?
    Não, eu não acho que a simples existência de um número reduzido de trabalhos em periódicos especializados (se fosse esse o caso) seja suficiente para se dizer que há uma controvérsia científica. Se existe um paradigma estabelecido, então quem quer que queira contestar esse paradigma (é disso que se trata não?) deve sim percorrer o longo e trabalhoso caminho de mostrar a que veio, exibindo resultados e acumulando massa crrítica. Não é perfeito, mas ainda é a melhor forma que já inventamos para separar o joio do trigo. Qual seria a alternativa? Você realmente acha que teríamos, como cidadãos leigos, “clientes” do progresso científico, algo a ganhar permitindo que esse processo de validação seja contornado por quem quer que grite com mais estridência? Sim, porque isso seria extensível a outras áreas que não a Evolução não? Ou vale só para a Evolução?
    Não sei quanto a você, mas de minha parte tenho sérias dúvidas (sendo muito auto-condescendente) se eu teria competência para, revendo esses artigos que você relacionou um por um (que é o que teria que ser feito), avaliar seu mérito, e se eles são mesmo aquilo que a turma do DI diz que são. Já conhecendo um pouco do estilo e das suas práticas retóricas, não ficaria nem um pouco surpreso se todos e cada um desses artigos apontassem exatamente o contrário do que os DIstas dizem. Tenho então ainda mais dúvidas (estou sendo muuuuiito comedido aqui) sobre a capacidade da média dos jornalistas e editores de também fazerem tal avaliação. Existe uma razão para recorrermos a especialistas.
    Fico muito surpreso que você aponte essa lista como uma referência, mas não tenha se dado ao trabalho de examinar as qualificações dos seus signatários. Pois se é uma relação de cientistas dissidentes do “darwinismo” (como se “darwinismo” fosse uma espécie de ideologia política, ou corrente de pensamento à qual se adere, ou com a qual se rompe…), então me parece óbvio que as credenciais científicas, acadêmicas, dessas pessoas são tudo o que importa. Contudo, para efeito de discussão, vamos supor que a tal lista fosse composta toda ela realmente por cientístas qualificados, e com uma sólida produção científica nos campos relevantes. Ora, se fosse esse o caso, então isso necessáriamente apareceria expresso nas publicações especializadas, havendo então uma controvérsia real, discutida nos foruns adequados. Não seria possível ocultar essa discussão. Mas aí a própria lista também seria inútil, e irrelevante, por desnecessária, assim como o eterno chororô por “espaço” na mídia. Essa lista só existe para tapar o evidente buraco, a enorme lacuna existente entre as alegações dos criacionistas (incluindo o DI) e a sua produção (sendo muuuuuiiito generoso) científica. Aliás, não por acaso, há uma lista similar em circulação, só que de “céticos” do Aquecimento Global Antropogênico, a qual, coincidentemente, também tem de tudo, menos climatologistas. Por outro lado o NCSE iniciou há alguns anos uma paródia à essa lista criacionista: uma lista só de cientistas chamados ‘Steve’ à favor da Teoria da Evolução. A lista já conta com 1138 (até 30/03/2010) Steves.
    Por fim, Maurício, não me leve a mal, mas acho contraditório você dizer que não vai propor abandonar a TdE, nem substitui-la por, ou incluir nela, explicações metafísicas teleológicas, mas ao mesmo tempo comprar acríticamente as alegações criacionistas pelo seu valor de face, e, além disso, incorporar sua (deles) retórica, falando em “darwinismo” e “stablishment darwinista”, que são termos altamente enganadores da forma como os criacionistas os usam.

    []’s

    Gato Precambriano

    sexta-feira, 28/05/2010 at 1:41

  25. Prezado felino, uma leitura atenta ao penúltimo parágrafo de minha resposta anterior seria suficiente para concluir que nem de longe proponho coisas como um “cidadãos leigos, ‘clientes’ do progresso científico” em um processo de de definição dos rumos da ciência. Trata-se apenas de a imprensa não obstar a discussão de idéias da sociedade. E isso, que você parece não ter assimilado, não tem nada a ver com exigir das instituições científicas que elas se dobrem aos leigos. Ou o cientificismo chegou a tal ponto que só reconhece como idéias as da ciência?

    Em tempo – Não comprei nada pelo seu valor de face. As conclusões dos artigos indicados efetivamente tocam em pontos que, para leigos como eu, parecem objetar as teses darwinistas. Cabe a vocês, especialistas, submetê-las a seu escrutínio. Além disso, “darwinismo” e “stablishment darwinista” não são termos de uso exclusivo da retórica dos criacionistas e adeptos do DI. Com o devido respeito, essa objeção é tipicamente ingênua entre aqueles que pretendem estender á linguagem ordinária os preceitos de suas especialidades. O que realmente acontece é que a retórica de oficialista das instituições sempre chega ao ponto do “ou está conosco ou está com os que são contra nós”. As especialidades científicas ainda têm muito a aprender com as igrejas, a começar pela constatação de que usam alguns dos métodos de convivência delas.

    Mauricio Tuffani

    sexta-feira, 28/05/2010 at 7:55

  26. Maurício

    Não estou te entendendo.
    Ninguém está objetando que haja discussão de idéias na sociedade. Aliás não sei do que você está falando. Há amplo espaço e liberdade para todos, criacionistas e que tais, para divulgar suas idéias, liberdade esta que é plenamente exercida.
    Ocorre que os criacionistas não estão apenas a reivindicar o direito, que já possuem, de divulgar suas idéias, eles querem que essas idéias passem como Ciência, sejam vendidas ao público com o status de Ciência.
    Se o Marcos Eberlin, como cristão batista, tem objeções ao iluminismo e ao materialismo filosófico, ao naturalismo, se ele acha que os últimos 200 anos foram uma grande cagada, bom mesmo era nos tempos de Lutero ou Torquemada, tudo bem, ele tem todo o direito de expor à sociedade suas objeções, e defender suas idéias (e ser criticado por elas). Isso é legítimo. O que não é legítimo é esse cidadão querer traficar suas convicções metafísicas como Ciência, vender gato por lebre, que é o que ele faz.
    Agora, o que dizer disto?

    As conclusões dos artigos indicados efetivamente tocam em pontos que, para leigos como eu, parecem objetar as teses darwinistas.

    Felizmente você complementa

    Cabe a vocês, especialistas, submetê-las a seu escrutínio

    Bem, primeiro, eu não sou mais especialista do que você. Segundo, o que outros leigos como eu, ‘acham’, ‘pensam’, ‘supõem’, ‘imaginam’, neste caso me interessam pouquíssimo. Eu não costumo mostrar meus exames médicos pro jornaleiro, ou pro mecânico, para saber o que eles acham, e você?
    Terceiro, os especialistas já submeteram essas idéias ao seu escrutínio e já emitiram seu parecer, e tem feito isso continuamente ao longo dos últimos 30 anos! E querem desesperadamente seguir adiante, mas aí vem você e os chama de “stablishment darwinista”, e os acusa de censura (aliás, turma poderosa hein?), apesar de confessadamente não ser capaz de distinguir uma bactéria de uma alga, mas ainda assim se achar em condições de dizer que tal ou qual “parecem objetar as teses darwinistas”.
    Começo a achar um tanto excessiva essa sua “ingenuidade” Maurício. Para alguém que alegadamente estuda o “debate” criacionismo x evolucionismo, você parece imperdoavelmente ignorante do que já rolou e rola dessa história, em particular nos EUA. Já ouviu falar em Kitzmiller x Dover? Conhece o Talk Origins? O NCSE? Você jé leu algum dos bons livros sobre Evolução que há, inclusive em português? “O Maior Espetáculo da Terra”, de Dawkins, “A História de Quando Éramos Peixes”, de Shubin, só para citar 2?

    []’s

    Gato Precambriano

    sexta-feira, 28/05/2010 at 12:04

  27. Gato Precambriano, cansei. Você escreve ignorando o que foi dito por mim no post que originou estes comentários. Seu último parágrafo é o cúmulo da presunção. O site Talk Origins, que você pergunta se eu conheço, foi citado por mim neste mesmo post em um PS de 8/12/2008, há um ano e meio. E também o citei esta semana no blog Unesp Ciência, onde você colocou um comentário. (Sem falar que o Talk Origins reconhece, sim, a questão entre evolucionismo e criacionismo como controvérsia, diferentemente de você, que chega a debochar de mim porque uso esse termo.) Você tem a ridícula pretensão de perguntar se eu conheço o caso Dover, mas eu o comentei neste mesmo blog em 21/12/2005. Uma coisa é sua indiferença com as pessoas poderem se sentir ofendidas, como consta em sua autoapresentação em seu blog. Outra coisa é postar comentários e despejar recomendações bibliográficas sem ter lido o texto principal e as suas remissões.

    Mauricio Tuffani

    sábado, 29/05/2010 at 2:39

  28. Maurício

    Veja só, você aqui já se cansou de mim, após apenas algumas trocas de comentários, porque eu cometi (reconheço) uma impertinência. O que dizer então de cientístas tendo que aturar há décadas as imposturas intelectuais dos criacionistas tanto velhos como novos (DI)?
    Na medida em que você não pode alegar ignorância, fica muito mais difícil entender sua posição.
    Porque você insiste em apresentar essa lista de “cientistas dissidentes do darwinismo” quando você sabe, ou deveria saber, que ela é uma fraude? Porque você insiste em dizer que há uma controvérsia científica nos termos em que os criacionistas/DIstas reivindicam, quando você sabe, ou deveria saber que não há? Porque você fala que “cabe aos especialistas submeter” as idéias criacionistas/DIstas “ao seu escrutínio”, como se eles já não o tivessem feito ad nauseaum, o que você também já sabe?
    Não são perguntas retóricas, nem impertinentes, penso eu. Se você fosse claramente um simpatizante do DI, eu não estaria perguntando, mas você não é, me parece. Daí meu espanto.

    Gato Precambriano

    domingo, 30/05/2010 at 0:47

  29. Gato Precambriano, você não cometeu apenas uma impertinência. Foram várias, e ad nauseam. E continua ignorando o que eu disse.

    Mauricio Tuffani

    domingo, 30/05/2010 at 1:04

  30. Mauricio

    Não, não estou ignorando não, continuo sem entender, entre outras coisas, porque você pegou uma lista sabidamente fraudulenta, como evidência de que há uma “controvérsia dentro da própria comunidade acadêmica”, suposamente ignorada pela mídia. Foi esse o ponto inicial da minha crítica a você. E você tem tergiversado o tempo todo.
    Li, e reli seu post, e comentários, e a impressão que passa é a de quem quer dar uma no cravo, outra na ferradura, como se dizia.

    []’s

    Gato Precambriano

    domingo, 30/05/2010 at 2:53

  31. Gato Precambriano, mencionei essa lista há cerca de um ano e meio, quanto postei o texto acima, e nunca mais. E o fiz exclusivamente devido ao fato de ela nem sequer ter sido comentada pela quase totalidade da imprensa. E a mesma postagem inclui referências do “outro lado”, inclusive a do Talk Origins. Percebe isso? Uma coisa é a instituição das ciências da evolução promoverem sua avaliação desse tema e se empenharem para detonar o outro lado, e não vejo nada de ilegítimo nisso. Outra coisa é a cobertura jornalística de ciência dar uma de parceira e silenciar sobre o assunto, fazendo bonito para suas fontes habituais. Dá para perceber que meu problema é com a imprensa, e não com a ciência? Você sabia que durante décadas a imprensa silenciou sobre as pesquisas sobre os males do tabaco porque elas eram “minoritárias” entre os especialistas nas áreas envolvidas? Entende porque tem de ser uma no cravo e outra na ferradura? Por outro lado, entende que eu sou o mesmo autor do post sobre o DI publicado no blog de Unesp Ciência, o mesmo que criticou um adepto dessa teoria e que não fez nenhuma objeção ao seu comentário crítico ao artigo de resposta desse adepto? Percebe que em meu post eu extrapolo minha atuação como jornalista e tomo partido, no âmbito da epistemologia, contra a formulação de um axioma finalista no corpo da própria teoria da evolução? Percebe que lá não foi uma no cravo e outra na ferradura? Por que não faz você mesmo, em seu blog, uma análise crítica atualizada dessa lista? Dependendo do equilíbrio de uma iniciativa como essa, posso repercuti-la aqui.

    Mauricio Tuffani

    domingo, 30/05/2010 at 8:43

  32. Oi Maurício

    Entendi seu ponto de vista, não sei se tenho acordo, mas aí é outra questão. De todo o modo talvez seja uma discussão nuançada demais para uma caixa de comentários.
    Aliás assisti ao video da sua conferência la no rendevous criacionista, digo, Simpósio Darwinismo Hoje do Mackensie. Bem legal, embora eu tenha uma ou duas observações sobre as P&Rs for your ears only. Se você tiver interesse sabe onde me encontrar. À propósito, você teria uma versão escrita?

    Um abraço

    P.S.: Sobre a lista não posso prometer nada para agora, pois vai ter que entrar na fila, qualquer coisa te dou um toque.

    Gato Precambriano

    segunda-feira, 07/06/2010 at 19:28

  33. […] O debate sabotado entre criacionistas e evolucionistas – Mauricio Tuffani […]

  34. Após ler e ouvir debates sobre o confronto criacionismo x evolucionismo, na minha opinião, o criacionismo é frágil e se sustenta por uma teia de aranha.
    Quando houver, de forma inequívoca, a datação de um simples pedregulho como tendo, por exemplo, cem mil anos, toda essa teoria criacionista irá ruir.
    Ao meu ver, quando isso acontecer, os criacionistas terão que destruir as evidências da análise desse pedregulho ou destruir a técnica utilizada para analisá-lo. É o que estão tentando fazer com a técnica de datação por Carbono-14.
    Por outro lado, mesmo que o evolucionismo não seja provado, isso não significa que o criacionismo é uma teoria aceitável, por simples exclusão.
    A minha impressão é que o evolucionismo está colocado sobre uma rocha bem estável, enquanto o criacionismo é um frágil castelo de cartas, onde uma única evidência incontestável o destruirá por completo.

    Reinaldo

    domingo, 10/03/2013 at 20:06

  35. […] escolas, que eu comentei na segunda-feira, continua rolando solto. Confesso que deixei escapar o texto do Maurício Tuffani publicado domingo no Laudas Críticas (observação: por que nessas horas todo mundo, eu inclusive, […]

  36. Deus, na prática, não existe. Por que eu iria crer nele?

    Antonio Carlos de Carvalho

    segunda-feira, 24/02/2014 at 13:23

  37. Deus é a mais desafortunada invenção humana
    Os homens, à força de ouvirem que Deus existe, tornam-se crentes e, à medida que o repetem a si próprios, fazem-se beatos.
    Deus é uma infeliz criação, difícil de aperfeiçoar. Enquanto as máquinas se melhoram, a partir da dúvida de que nunca são suficientemente perfeitas, Deus só pode piorar porque os clérigos garantem que é infinitamente bom e não admitem a discussão.
    Com tal mercadoria minam-se as bases da civilização, perturba-se a paz, impede-se a solidariedade humana.
    Deus não é apenas uma criatura pior do que o seu criador – o Homem –, e um troglodita incapaz de se regenerar, é o princípio do mal, o acicate de todos os ódios e crueldades.
    Na base do racismo e da xenofobia está Deus na sua despótica inexistência, no seu primitivismo demente, um ser misógino e delinquente, manejado pelos fios invisíveis, tecidos pelas religiões, através dos prestidigitadores profissionais – os clérigos.
    Deus e o Diabo são irmãos gémeos, filhos do medo dos homens e explorados em benefício do clero.
    As peregrinações são atos de insensatez coletiva em direção a locais onde os homens inventaram marcas de Deus, centros de exploração da fé e da superstição, locais de recetação onde se esbulham os crentes para maior glória dos parasitas de Deus.
    Se Deus existisse, os crentes ficariam satisfeitos por serem os únicos com direito a uma assoalhada no Céu e para gozarem o ócio eterno na companhia da fauna celeste. Assim, vivem cheios de azedume, envergonhados da sua estultícia, ávidos de converter outros aos seus próprios erros e fazer deles infelizes, à sua semelhança.
    Um mundo sem Deus, ou mesmo com muitos, seria certamente mais pacífico, mas a loucura das religiões monoteístas querer fazer do Planeta um antro de fanáticos e do Deus único, uma perigosa quimera que ensandece os homens, os assusta e imbeciliza.
    Deus é um déspota imprevisível com lacaios que não o discutem nem o

    José Álvaro da Silva Marques

    domingo, 04/08/2019 at 15:36


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