Laudas Críticas

Só jornalistas produzem informação?

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Cientistas, professores e especialistas de todas as diversas áreas do conhecimento não têm as qualificações profissionais necessárias para para produzir informações sobre os assuntos aos quais se dedicam, pois essa é uma atribuição exclusiva de jornalistas. Isso é o que se deduz de afirmações feitas anteontem (terça-feira, 21/10/2008) pelo jornalista Rogério Christofoletti, professor de jornalismo da Univali (Universidade do Vale do Itajaí), com a postagem “Um estrabismo insistente estreita mais a razão”, em seu blog Monitorando.

Essa estranha tese da atribuição exclusiva dos jornalistas de produzir informações seria respaldada pela Declaração Universal dos Direitos Humanos, das Nações Unidas, segundo o professor, que também é membro do Conselho Administrativo da SBPJor (Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo), assessor do Ministério da Educação para o Enade (Exame Nacional de Desempenho de Estudantes) na área de jornalismo, membro de Comissão Verificadora de Curso do Conselho Estadual de Educação de Santa Catarina e ex-vice presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Santa Catarina.

Segundo o pesquisador, o documento das Nações Unidas, que foi assinado em 1948, tem de ser lido com atenção, especialmente no que se refere ao seu artigo XIX, cujo teor é o seguinte:

Todo ser humano tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e idéias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras.

Christofoletti ressalta, com negrito, que “o artigo não menciona ‘produzir’ ou ‘elaborar’ informações”. E acrescenta:

Isto é, o direito vige numa esfera ampla, generalista, e não restritiva ao mundo do trabalho. Jornalistas também são cidadãos, e também gozam do direito da livre expressão. Mas em sua condição profissional, produzem, elaboram, difundem informações com o propósito de abastecer a sociedade com dados que permitam uma compreensão melhor da realidade.

Trocando em miúdos: quer dizer que informação, segundo esse documento das Nações Unidas, é só a informação jornalística?

Forçada de barra

É certo que o professor está completamente equivocado. Não vale a pena prosseguir repisando esse equívoco, que se deveu a uma forçada de barra para tentar refutar minha postagem “O diploma de jornalismo e o estreitamento da razão” e, acima de tudo, para justificar a obrigatoriedade da formação superior específica em jornalismo para o exercício dessa profissão. O que estava em questão eram as qualificações necessárias para esse exercício. No final das contas, o docente acabou enveredando para uma hermenêutica comprometida com uma tese previamente fechada.

Se Christofoletti pretende realmente pôr em prática, como afirmou em sua postagem anterior (“Discussão sobre o diploma está muito ideologizada”), uma autocrítica em relação a esse assunto, deveria confrontar suas convicções com as de importantes teóricos da comunicação. Entre eles, por exemplo, está um cujo blog, La Page du Médiateur, ele indica: Daniel Cornu, professor do Instituto de Jornalismo e Comunicação, da Universidade de Neuchâtel, de Lausanne, e diretor do Centro Franco-Suíço de Formação de Jornalistas, de Genebra. Para Cornu,

O jornalismo é uma “profissão aberta”, que não exige formação específica ou diploma. Sua definição é tautológica: é considerado jornalista quem exerce sua atividade principal na imprensa escrita ou nos meios de comunicação audiovisuais. Mais precisamente, são reconhecidos como jornalistas os agentes da mídia, independentemente dos meios ou técnicas de expressão utilizados, que satisfaçam três critérios: a concepção e realização de uma produção intelectual, uma relação deste trabalho com a informação, além do critério de atualidade.
(Daniel Cornu. Ética da Informação. Tradução de Laureano Pelegrin. Bauru: Editora da Universidade do Sagrado Coração, 1998, pág. 19.)

Em vez disso, Christofoletti cita indevidamente nesse contexto um artigo recente do jornalista Eugênio Bucci, que já se manifestou contra essa exigência de formação superior específica:

Um jornalista, para ser jornalista, não precisa ter diploma. Nós temos inúmeros grandes jornalistas que não têm. É possível ser jornalista sem. A maior parte dos países não exige diploma de jornalista. Na realidade concreta do Brasil, no entanto, o diploma ajudou a profissionalizar o mercado e a elevar o nível das redações, garantindo um piso salarial, entre outros.
(Entrevista a Thaís Naldoni, Portal Imprensa, 14/11/2005)

Por muito pouco o equívoco de Christofoletti não o levou a posições como aquela de que os “blogs informativos têm de ser assinados por jornalistas”, atribuída a José Nunes, presidente do Sindicato dos Jornalistas do Rio Grande do Sul, por Marcelo Träsel, do blog Martelada.

A corajosa proposta teria sido apresentada no famoso e histórico “debate a favor da obrigatoriedade do diploma”, realizado em 13/08/2008 no Centro Universitário Feevale, de Novo Hamburgo, alertado pelo blog E Você com isso?, do jornalista Marcelo Soares, com sua postagem “Debate seguro”.

PS de 14/11 — Favor ler antes de enviar comentários. A fim de deixar nossa discussão mais produtiva, recomendo a todos os interessados em discutor o texto acima que leiam antes “Debate na USP isola falácias sobre exigência do diploma”, sobre o evento na ECA que foi um grande avanço no debate. Vale a pena verificar se os comentários a serem enviados são mais adequados a este espaço ou ao do outro texto.

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Written by Mauricio Tuffani

quinta-feira, 23/10/2008 às 4:58

60 Respostas

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  1. Tuffani, você não enfrentou a questão colocada, a de que não se pode confundir exercício profissional com liberdade de expressão.
    De qualquer forma, pontuo:

    1. Sim, indico o blog de Cornu, a quem respeito. Indico para meus alunos também a leitura de seus livros. Mas não concordo com ele nessa questão que vc traz. O fato de não concordar com ele não impede que eu o indique.

    2. Não, você está errado. Eu não citei o artigo recente do Bucci. Citei-o em alguns dos trechos dos debates que compuseram o ciclo Jornalismo Sitiado, que estão acessíveis em DVD. E o citei não para dizer que ele se posiciona ou não a favor do diploma. Emprestei de Bucci, a quem também respeito, uma definição que parece ser alentadora para pensar os novos papéis que o jornalismo pode exercer nesses nossos tempos.

    3. Continuo insistindo que é necessário debater as questões de fundo na discussão sobre o diploma. A meu ver, as mais evidentes são a contraposição entre Direito à Livre Expressão e Exercício Profissional, o Natureza e a Função do Jornalismo na Vida Social Contemporânea, as Especificidades do Jornalismo como Atividade Profissional, as Competências e Habilidades Necessárias para este exercício, a Qualidade da Formação dos Jornalistas…

    rogério christofoletti

    quinta-feira, 23/10/2008 at 8:47

  2. Nove horas da manhã é acabo de acordar. Devo ter batido minha cabeça com tamanha força ao sair da cama que perdi a memória e entrei em algum universo paralelo. Evidentemente, esse Rogério Christofoletti não existe. Deve ser apenas um holograma projetado para me ludibriar. Depois, volto aqui para rever o blog e confirmar minhas suspeitas.

    Everton Maciel

    quinta-feira, 23/10/2008 at 8:57

  3. Tuffani… a coisa está ficando surreal. Repassei o artifo do Christofoletti e a sua resposta para uma turma de amigos, professores e pesquisadores na área de Fisioterapia (minha esposa é doutoranda na área). Eles vão adorar.

    Victor Barone

    quinta-feira, 23/10/2008 at 8:59

  4. Na questão das expressões iniciadas com maiúsculas expressivas, o professor julga que a Qualidade da Formação dos Jornalistas na média das faculdades brasileiras é adequada às Competências e Habilidades Necessárias às Especificidades do Jornalismo como Atividade Profissional e à Natureza e a Função do Jornalismo na Vida Social Contemporânea?

    Marcelo Soares

    quinta-feira, 23/10/2008 at 12:08

  5. Tuffani,
    não sei. Fico temeroso de deixar a seleção dos profissionais por conta única e exclusivamente do mercado. Será que podemos confiar que os interesses (e a real necessidade) de lucro das empresas será o suficiente para garantir uma imprensa de qualidade e responsável? Em um comentário que postei no Observatório da Imprensa, lembrei da necessidade de liberdade de informação para a consolidação da democracia. Acho que seria um otimismo muito grande acreditar que as empresas de comunicação, podendo formar seus próprios profissionais, manteriam seu compromisso com a pluralidade, o contraditório e outros valores necessários para uma boa imprensa. Assim, a liberdade de informação – de acesso a informação confiável e de qualidade – estaria ameaçada. Mais uma vez, reconheço que não sei se a solução é a obrigatoriedade do diploma. Mas ao mesmo tempo não acho que devemos confiar no mercado como selecionador de quem deve exercer o jornalismo.

    Tales Tomaz

    quinta-feira, 23/10/2008 at 14:50

  6. Comentário rápido está sempre sujeito a erros… escrevi “(…) interesses (…) será o suficiente”. O correto, obviamente, é “interesses serão suficientes”.

    Tales Tomaz

    quinta-feira, 23/10/2008 at 15:12

  7. Maurício,

    Concordo que o exercício da profissão de jornalista precisa de uma nova regulamentação [eu defendo que uma pós-graduação na área poderia dar o direito a qualquer graduado ganhar direito ao registro, mas estou aberto a ver outras possibilidades], e também concordo com boa parte de sua argumentaçao – mas, de fato, não se pode confundir liberdade de expressão com o exercício profissional. Ninguém me proíbe, por exemplo, de imprimir minhas idéias ou lançar mão de um site ou um blog.

    Plínio

    Plínio

    sexta-feira, 24/10/2008 at 10:16

  8. Caros Christofolletti e Plínio,

    Obrigado por suas respostas/comentários.

    Não fugi à questão que você (RC) considera central. Apenas respondi à sua interpretação sobre o direito de livre expressão no que tange à busca e difusão de informações. Como seu comentário não retomou esse ponto, entendo que você não tem objeção a ele.

    Sobre a relação entre direito de expressão e exercício profissional, que é o tema de ambos, não há confusão nenhuma. Já escrevi a respeito disso mais de uma vez, e não tive contestação a esses textos de nenhum de vocês (“Diploma de jornalismo” e “A liberdade de expressão e o diploma de jornalismo”).

    Mas quem sou eu para achar que o que eu escrevo é leitura obrigatória, certo? Sendo assim, vamos lá novamente, mas por partes.

    1. Exercício profissional.

    1.1. Condição necessária

    Se considerarmos profissões como a medicina, as engenharias, a odontologia e várias outras (inclusive as do direito, na minha opinião), podemos sem engano afirmar que se uma pessoa tem as qualificações exigidas por um dessas profissões, então ela tem necessariamente a formação superior específica a ela correspondente. Ou seja, não é possível ser médico, engenheiro, dentista etc., sem ter graduação na respectiva área acadêmica.

    1.2. Inexistência de condição necessária

    Se considerarmos profissões como o jornalismo, a publicidade, a editoração, as artes cênicas, a administração e outras, se uma pessoa tem as qualificações exigidas por um dessas profissões, então ela não tem necessariamente, a formação superior específica a ela correspondente. Esta afirmação não é feita em função de exceções, mas de grande parte dos profissionais que exercem a profissão em muitos países.

    1.3. Necessidade e exigibilidade

    Nos casos do item 1.1., a formação superior específica é condição necessária para o exercício profissional. Desse modo, ela é amparada pelo inciso XIII do artigo 5º da Constituição Federal e deve ser exigida por lei.

    Nos casos do item 1.2., a formação superior específica não é condição necessária para o exercício profissional, não se inclui nas qualificações necessárias previstas no inciso XIII e não pode ser exigida por lei.

    2. Direito de expressão

    2.1. Opinião e produção de informação.

    O direito de expressão não se restringe ao direito de opinar, como esclarecem o artigos XIX da Declaração Universal dos Direitos Humanos e o artigo 13 da Convenção Americana dos Direitos Humanos. Ele abrange o direito de produzir e divulgar informações, sejam elas jornalísticas, científicas ou quais forem.

    Se eu, que sou leigo em nanotecnologia, pesquisar por conta própria a respeito do assunto e escrever um artigo sobre tecnologia de nanotubos, posso publicá-lo, da mesma forma que posso publicar um texto sobre uso de substâncias antiangiogênicas em carcinomas mesmo sem ser médico. E, mesmo sendo leigo, posso até publicar artigos em revistas científicas como Nature, Science, PNAS e outras se os editores os considerarem meritórios apesar de eu não ter formação nas respectivas áreas.

    2.2. Produção de informação no jornalismo

    Apesar de a formação superior específica em jornalismo não ser condição necessária para as qualificações exigidas para essa profissão, um jornal pode ter como norma própria a de somente contratar profissionais graduados nessa área. Eu mesmo, como editor, sempre tendi a preferir graduados em jornalismo do que perder tempo e correr risco com alguém com qualificações e até talento para o jornalismo, mas que pudesse estar se aventurando na profissão. Mas, nos termos das duas cartas internacionais acima mencionadas e do entendimento do que é o jornalismo em quase todo o mundo, esse sujeito que tem essas qualificações não pode ser impedido por lei a ter acesso ao exercício profissional.

    2.3. Limitações ao direito de expressão

    No que concere ao artigo 220 da CF, vale lembrar o seu teor:

    No exercício de seus direitos e liberdades, todo ser humano estará sujeito apenas às limitações determinadas pela lei, exclusivamente com o fim de assegurar o devido reconhecimento e respeito dos direitos e liberdades de outrem e de satisfazer as justas exigências da moral, da ordem pública e do bem-estar de uma sociedade democrática.

    As limitações determinadas pela lei a que se refere esse artigo são responsabilidades ulteriores, as quais, como esclarece o item 2 do citado artigo 13 da Convenção Americana dos Direitos Humanos, “devem ser expressamente fixadas pela lei a ser necessárias para assegurar”:

    a) o respeito aos direitos ou à reputaçào das demais pessoas; ou
    b) a proteção da segurança nacional, da ordem pública, ou da saúde ou da moral públicas.

    Ou seja, a lei define previamente limites para os fins acima definidos e, por meio dela, define-se a responsabilidade por abusos praticados. Vale lembrar que essas duas cartas internacionais têm força de lei no Brasil por terem sido ratificadas pelo Congresso Nacional. Teriam força de emenda constitucional se tivessem sido ratificadas por maioria absoluta dos congressistas.

    3. Petitio principii

    No final das contas, neste contexto de discussão sobre a obrigatoriedade do diploma de jornalismo, a alegação de que se faz confusão entre direito de expressão e exercício profissional se baseia em uma premissa: a de que a formação específica é condição necessária para qualificações exigidas pela profissão. Mas é justamente isso o que deveria ser discutido. Em outras palavras, essa alegação de que há confusão entre direito de expressão e exercício profissional incorre naquilo que em lógica se chama falácia da petição de princípio.

    Abraços,

    Maurício Tuffani

    Mauricio Tuffani

    domingo, 26/10/2008 at 18:16

  9. Caro Tales,

    O mercado está há muito tempo selecionando quem entra para a profissão. E também estaria a fazê-lo mesmo que a obrigatoriedade do diploma fosse seguida à risca. Os mais de 500 cursos de jornalismo despejam gente de sobra para essa seleção.

    Sua questão não diz respeito à obrigatoriedade do diploma, mas à necessidade de alguma forma de regulamentação profissional. Há regulamentação em muitos países onde não existe essa exigência. O problema é que aqui no Brasil os sindicatos e muitos professores consolidaram durante décadas essas duas coisas como sinônimos no imaginário brasileiro.

    Saudações,

    Maurício Tuffani

    Mauricio Tuffani

    domingo, 26/10/2008 at 19:31

  10. tuffani,
    sou aluno de jornalismo e estou acompanhando o debate…talvez seria mais proveitoso eu perguntar que dar minha opinião…Se os meios de comunicação já selecionam os seus profissionais de forma rigorosa (ou não??), não poderia um conselho fazer uma prova tipo exame de ordem, para dar uma carteira de jornalista, sendo ele formado ou não??
    Assim quem tivesse formaçao teria mais chance de passar mas não excluiria a possubilidade de um talentoso trabalhar na área…será que é isso?!

    rodrigo galiza

    quarta-feira, 29/10/2008 at 19:03

  11. Caro Rodrigo,

    Não subestime sua capacidade de opinar. Aliás, sua pergunta contém um elemento opinativo, ainda que você não feche posição em relação a ela.

    Em primeiro lugar, não creio ser verdadeira a afirmação de que os próprios meios selecionam seus profissionais de forma rigorosa. Há muita gente incompetente na profissão, independentemente de ter ou não diploma.

    Acho que a idéia de exame enfrentaria algumas dificuldades. Uma delas seria a falta de entendimento entre os acadêmicos brasileiros acerca dos conhecimentos necessários para o exercício profissional. A fim de assegurar um consenso, acho que cairíamos em um nível de exigências tão mínimo que transformaria o exame em um procedimento inócuo. Sem falar no efeito perverso que isso teria sobre os cursos superiores, que acabariam com o tempo se reduzindo a cursos preparatórios. A situação do Direito é outra, pois envolve matérias muito mais “objetivas”.

    Sem falar que certas interpretações jurídicas dos direitos e garantias fundamentais podem até inviabilizar a regulamentação por meio de exame. Veja, por exemplo, os termos da decisão de 1985 da Corte Interamericana de Direitos Humanos.

    Saudações,

    Maurício Tuffani

    Mauricio Tuffani

    quarta-feira, 29/10/2008 at 19:22

  12. Saudações ao dono do blog e demais colegas de profissão.

    Caro Tuffani, sou estudante de jornalismo na mesma faculdade de Rodrigo Galiza, assim como de Tales Tomaz. Aliás, os alunos do curso daqui há muito tempo discutem o tema apresentado e acompanham o debate entre o senhor e Christofoletti – alvo da disciplina de Tópicos Emergentes. Por isso, parabenizo o jogo de opiniões que recentemente expôe, contrapondo idéias contrárias de outros pesquisadores.

    Sou a favor da obrigatoriedade do diploma, e concordo com Christofoletti a respeito do abismo que existe entre “a liberdade de expressão” e “o exercício da profissão”. A grosso modo, se fôssemos aplicar a idéia de que liberdade de expressão inviabiliza a obrigatoriedade do diploma jornalístico, qualquer outra formação deveria ser extinta – inclusive a de professor, ou advocacia, como já mencionado. Christofoletti tem argumentos bastante plausíveis e coerentes a despeito do tema.

    Sem falar que os textos dele não caem na mesmisse de discutir apenas essa obrigatoriedade, mas também mescla as dificuldades que o ensino superior possui. Ou seja, deve-se haver uma formação acadêmica, porém com mais qualidade. Abolir o diploma da profissão que serve a sociedade, significa redução na qualidade pré-moldada feita na faculdade.

    Mais do que isto, é desqualificar o ofício, dispensando a concorrência e diminuindo o salário, entregando os interesses sociais nas mãos de interesses privados e motivações particulares.

    Em relação à opinião do estimável amigo Galiza… acho uma ótima idéia a repeito de uma prova que selecionaria os profissionais para o mercado (como se fosse a OAB para advogados).

    Só não consegui entender (pode até ser por ignorância da minha parte no assunto) as dificuldades disso, Tuffani… e gostaria de entender melhor, se assim desejar esclarecer. Porque acho que o “entendimento entre os acadêmicos brasileiros acerca dos conhecimentos necessários para o exercício profissional” é irrefutável com prova ou sem prova!

    E o fato da prova se tornar inócua vai depender de como ela será produzida. A qualidade de qualquer coisa que façamos – da mais simples a mais complexa -vai depender de sua boa produção ou criação. Óbviu!

    Agora, pode ser mesmo que os cursos se especializem em apenas preparar o alunos para a prova. Mas daí volto a aplaudir Christofoletti quando diz sobre a busca da excelência nos cursos de comunicação, ou qualquer outro – e não a abolição do diploma.

    Denys Borguête

    quinta-feira, 30/10/2008 at 11:00

  13. Prezado Denys,

    Obrigado por sua participação e pela sua disposição para questionar.

    Em relação ao seu segundo parágrafo, peço, por favor, que verifique, em minha resposta acima a Rogério e Plínio, o item 1., cujas considerações de ordem lógica e jurídica invalidam o seu argumento de que “a idéia de que liberdade de expressão inviabiliza a obrigatoriedade do diploma jornalístico, qualquer outra formação deveria ser extinta – inclusive a de professor, ou advocacia, como já mencionado.” (Você pode, é claro, discordar, e eu respeito isso. Mas a mera discordância não é refutação, é só opinião.) Desde que formulei essa argumentação há três anos, não vi ninguém disposto a refutá-la.

    Sobre a falta de entendimento entre os docentes acerca do que é essencial na formação de jornalismo, recomendo a leitura do artigo de Hélio Schuch, professor da Universidade Federal de Santa Catarina, “Adequação do ensino na formação de jornalistas”:

    A formação universitária de jornalistas mostra deficiências, e os principais indicadores disso são os seguintes:
    1) falta de afirmação, pelos próprios professores da área, de como deve ser esta graduação, sendo seu sinal mais evidente a não superação da dicotomia ‘teoria’ e ‘prática’ no desenvolvimento do ensino;
    (…)
    5) inexatidão quanto aos atributos necessários ao professor de jornalismo, o que pode ser representado pelo seguinte dilema: o correto seria uma formação apenas acadêmica ou uma formação que aglutine experiência profissional no mercado, ou, ainda, somente experiência?; e
    6) graduação realizada como habilitação do curso de Comunicação Social, o que significa uma formação não-integral, com escasso tempo para disciplinas focadas na profissão, como também falta de identidade profissional, já que o nome do curso não remete ao jornalismo.

    E, quanto ao seu último parágrafo, onde você afirma que “pode ser mesmo que os cursos se especializem em apenas preparar o alunos para a prova”. É justamente isso o que não pode acontecer. Um curso de jornalismo deve, acima de tudo, ser o diferencial na formação profissional.

    Espero ter, pelo menos, esclarecido o fundamento de minhas afirmações.

    Saudações,

    Maurício Tuffani

    Mauricio Tuffani

    quinta-feira, 30/10/2008 at 19:51

  14. Prezado Maurício Tuffani
    Para mim a obrigatoriedade de um certificado em jornalismo serve para dar reconhecimento visível a função e atuação de quem trabalha nessa área. Através de um curso superior de graduação em jornalismo ensinam-se preceitos teóricos, técnicos e éticos profissionais. Um jornalista pode exercer diferenciadas funções, desde o repórter até ao assessor de imprensa. Tais tarefas compreendem responsabilidade social, escolhas morais profissionais e domínio de uma linguagem especializada. Ser um profissional especializado em comunicação afasta a picaretagem e o amadorismo fazendo do jornalista uma pessoa que consagra sua existência a tal tarefa. A sociedade tem direito a notícia de qualidade (como já foi citado): moral e democrática. Qualidade que depende da técnica profissional igualmente qualificada e baseada em preceitos corretos, éticos e públicos. Por maiores que sejam os erros nas faculdades de Jornalismo no país. Retirar o diploma não vai fazer com que a situação melhore, pelo contrário a qualidade da informação seria corrompida! Concordo com a necessidade de mudanças na graduação, assim como a educação, de forma geral, em todo o país! Mas isso não significa que o correto seria deixar essa área tão importante, a comunicação, fique desprovida de preparo. Com relação a prática profissional, hoje as empresas de comunicação estão muito acessíveis a estagiários. Isso é um bom começo! Sou estudante de jornalismo, e na faculdade em que estou existem vários meios de praticar a escrita e a fala.
    Acredito que com os devidos reparos a graduação em jornalismo alcance seu patamar de qualidade.

    Ficaria agradecida em saber o que tem a dizer sobre meu ponto de vista!
    Saudações
    Patrícia Ferreira

    Patrícia Ferreira

    domingo, 02/11/2008 at 20:40

  15. Prezada Patrícia,

    Tenho a impressão de que sua questão-comentário foi formulada sem consideração às respostas acima. Suas colocações se contrapõem, aliás, a certos argumentos que não são meus.

    Em todo caso, tomando suas próprias palavras, as qualificações profissionais para que uma pessoa possa exercer o jornalismo com responsabilidade social, com capacidade de fazer escolhas morais profissionais e domínio de uma linguagem especializada não dependem necessariamente de uma formação específica. Um profissional com boa formação em diversas outras áreas e que tenha interesse pelo jornalismo obtém essas qualificações.

    Além disso, não uso o estado de baixíssimo nível em que se encontra a maioria esmagadora dos cursos de jornalismo no Brasil como razão para não ser obrigatória essa formação específica. Pelo contrário, afirmo que esse baixo nível é decorrente, entre outros fatores, da obrigatoriedade vigente e da reserva de mercado por ela estabelecida. Também não proponho abolir a formação específica em jornalismo, muito menos “deixar essa área tão importante, a comunicação, fique desprovida de preparo”.

    Como eu disse na resposta acima a Plínio e a Rogério Christofoletti, minhas posições sobre essa questão já foram expostas nos seguintes artigos: “Diploma de jornalismo” e “A liberdade de expressão e o diploma de jornalismo”. Estou à sua disposição para questões não abordadas por eles ou para críticas a eles.

    Saudações,

    Maurício Tuffani

    Mauricio Tuffani

    domingo, 02/11/2008 at 23:34

  16. Caro Maurício Tuffani,

    Você tem o diploma de jornalista?

    Rizza Matos

    quarta-feira, 05/11/2008 at 20:04

  17. Nascida e criada em Mato Grosso, cresci lendo e vendo o que jornalistas sem formação produzem informação. Em MT, só no final da década de 80 foi criada a primeira faculdade de comunicação. E me desculpe Tuffani, para realizar um trabalho jornalístico de qualidade é necessário pelo menos um diploma. E concordo com o profº Christofoletti, quando diz que você está confundindo “exercício profissional com liberdade de expressão”. O que está errado, é falta de qualidade das instituições de ensino superior em nosso País.

    Rizza Matos

    quarta-feira, 05/11/2008 at 20:16

  18. Prezada Ana Rizza,

    Não tenho o diploma de jornalismo. Mas isso não afeta a validade de meus argumentos. Aliás, não faltam jornalistas formados em jornalismo que concordam com eles. E se você disser que isso significa que meus argumentos envolvem interesse próprio, en†ão terá de admitir que nenhum diplomado em jornalismo tem razão em defender a obrigatoriedade do diploma, uma vez que, conseqüentemente, eles também o fazem por interesse próprio. Em outras palavras, seguindo essa ratio, não existe razão, mas somente jogos de interesses, e nada mais. A “razão” será de quem vencer a parada na Justiça. Fica bem, desse modo, para você? Espero que não.

    Quanto à sua avaliação sobre o que fazem “jornalistas sem formação” (imagino que isso significa sem formação superior específica em jornalismo), posso lhe assegurar que há bons e maus trabalhos jornalísticos tanto de jornalistas “sem formação” como de profissionais “com formação”. Aliás, faz quase 20 anos que venho recebendo currículos de pessoas com diploma de jornalismo (prefiro usar essa expressão em vez de “formadas em jornalismo”). Mais de 90% deles são descartados na primeira leitura. Sabe por que? Porque comprovam que foram enviados por pessoas que não têm a menor familiaridade com a linguagem escrita, apesar dos anos passsados nos bancos das faculdades.

    Isso que acabo de dizer não serve como argumento contra a obrigatoriedade do diploma de jornalismo, pois pode ser que um dia os cursos venham a ser bons. Serve apenas para dar uma idéia do que pode acontecer se for mantida a obrigatoriedade. É algo muito mais complicado do que a má qualidade da formação em outras áreas: um enorme contingente de semiletrados que nunca terão condições mínimas para trabalhar como repórteres, redatores ou assessores de imprensa, pois lhes falta o essencial. Existem médicos, engenheiros, advogados, químicos e profissionais de diversas áreas com sérios problemas com a linguagem, mas esta não tem para essas outras profissões o nível de importância que tem para o jornalismo. E as mais de 500 faculdades brasileiras recebem anualmente cerca de 50 mil novas matrículas num país no qual até 2005 havia cerca de 36 mil jornalistas com carteira assinada.

    Você não precisa me pedir desculpas por não concordar como minhas conclusões. É sua opinião, e ela tem de ser respeitada como tal. No entanto, sem querer dar uma de Platão, para o qual a dóxa é o grau mais baixo do conhecimento, creio que você deveria exigir mais de seus argumentos para contestar, por exemplo, minha resposta acima ao comentário de Plínio e de Christofoletti ou minhas conclusões nos artigos indicados na minha resposta à estudante Patrícia. Aí estão minhas justificações da necessidade de abolir, não o diploma, mas a obrigatoriedade dele, ou melhor, da formação superior específica em jornalismo para o exercício dessa profissão. Tudo o que afirmo está devidamente referenciado. É só nesse nível que aceito discutir. E, pelo tamanho desta resposta, dá para perceber que não me falta disposição para isso.

    Se tiver argumentos de mérito contra os meus, fique à vontade para apresentá-los.

    Saudações,

    Maurício Tuffani

    Mauricio Tuffani

    quarta-feira, 05/11/2008 at 20:39

  19. Olá Tuffani,
    Acompanhei com muito interesse os embates textuais protagonizados por você e pelo professor Christofoletti. Junto com isso, fiz questão de ler os comentários e opiniões reproduzidas a despeito de vossos textos e as conseqüentes tréplicas.
    De início, quero afirmar e deixar claro que sou favorável a obrigatoriedade do diploma. Mas não vim aqui para erguer a bandeira do diploma. Muito pelo contrário, deixo claro que meu objetivo é fomentar um pouco mais as discussões a respeito do assunto em voga e contribuir no posicionamento daqueles que ainda estão indecisos.
    Não satisfeito com os textos “Discussão sobre o diploma está muito ideologizada”, “O estreitamento da razão”, “Um estrabismo insistente estreita mais a razão” e “Só jornalistas produzem informação?”, garimpei um pouco mais pela rede e encontrei o texto “A obrigatoriedade do diploma avilta o jornalismo”, de vossa autoria. Neste texto encontrei o seguinte trecho:
    “A formação superior em jornalismo não é condição necessária nem condição suficiente para o exercício dessa profissão com base em seus preceitos técnicos e éticos. Ela não é obrigatória em países como Alemanha, Argentina, Austrália, Áustria, Bélgica, Chile, China, Costa Rica, Dinamarca, Espanha, Estados Unidos, Finlândia, França, Grécia, Holanda, Hungria, Irlanda, Itália, Japão, Luxemburgo, Peru, Polônia, Reino Unido, Suécia, Suíça e em vários outros”.
    Eu acho interessante que essa gama de países não considere obrigatório o diploma para exercer o ofício jornalístico. Aliás, pensando bem, pouco me importa quantos e quais países desconsideram o diploma. Eu nasci, vivo e vou exercer minha profissão no Brasil, um país único e com características muito diferentes de todos os países citados. São comentários como estes que banalizam o nosso país e me remetem a idéia de que não somos capazes de criar um próprio modelo, que é claro, pode se basear em facetas da posição de outros países, mas que deve ser único, se levado em conta nossas peculiaridades regionais e sociais.
    Confesso que também me espantou a enumeração da China como um dos países a serem tomados como exemplo. China? Exemplo? Por acaso seria aquela mesma China que atua de modo ditatorial e covarde com a imprensa, privando-a de sua liberdade? Seria a mesma China que dificultou o trabalho de milhares de jornalistas durante o maior evento esportivo do mundo, ainda este ano? Refresco com trecho de texto publicado no site da Rede em Defesa da Liberdade de Imprensa.
    “A menos de um ano para a realização dos Jogos Olímpicos de Pequim, de 2008, a imprensa internacional ainda encontra sérias dificuldades de atuar na China, assim como os próprios jornalistas chineses. Cerca de 30 mil profissionais credenciados para cobertura dos Jogos estão sendo fichados para identificação dos ‘falsos jornalistas’, mas o governo não especificou que tipo de informação está sendo recolhida”.
    Preciso, no entanto, concordar que o número excessivo de faculdades e instituições que oferecem o curso de jornalismo contribui para a banalização, ou como você prefere colocar, o “aviltamento” da profissão. O despropósito com que estas organizações educacionais, baseadas em sua maioria apenas em interesses mercadológicos e capitais, contribuem em excesso para o descrédito da “entidade” diploma e mune um pouco mais aqueles que são contrários ao mesmo. Além disso, esta grande gama de alunos formados anualmente em jornalismo realmente encontram um mercado saturado, com um grande número de candidatos e poucas vagas.
    Foi quando, estabelecendo esta reflexão na minha mente, me deparei com uma de suas tréplicas a um dos comentários realizados por um de seus leitores. Vide:
    “Um curso de jornalismo deve, acima de tudo, ser o diferencial na formação profissional”.
    O pensamento lógico me leva a crer que um dos benefícios de concluir o curso de jornalismo é a obtenção do diploma. E pelo que entendi, por suas próprias palavras, o diploma, que é o fator conseqüente da realização da faculdade, é um diferencial na formação profissional e conseqüente atuação no mercado. Logo, para um quadro profissional como esse, em que o número de concorrentes supera e muito o número de vagas nas empresas, o melhor caminho para se diferenciar do profissional comum é o da realização curso de jornalismo, ou deveria dizer, possuir o diploma?
    Faço um último adendo à discussão, agora em relação ao texto “Só jornalistas produzem a informação?”. Não tenho bagagem tão extensa quanto o senhor na carreira jornalística. E isso, além de sua inteligência e habilidade de argumentação, faz com que eu como estudante respeite tanto o senhor quanto suas opiniões e argumentações. No entanto, com pouco mais de dois anos de redação (graças ao meu Centro Universitário, que me oferece um ambiente como esse para dispor da prática profissional de mercado) me sinto apto para responder sua pergunta.
    Não. Nem só jornalistas produzem informação. E vou além. Alguns profissionais são muito mais capazes que jornalistas para descrever determinados fenômenos ou descrever alguns assuntos. Na maioria dos casos, isso acontece quando se trata de um assunto muito específico, em que outro profissional que não o jornalista pode descrever muito melhor determinados fatos por estar habituado e familiarizado com aquele universo.
    Compreendo, na pouca autoridade que tenho, que o próprio mercado é o fiel da balança determinando e selecionando aqueles que entram ou não no jogo. E muitas vezes, empresários e proprietários de grupos e organizações de comunicação usam mesmo estes outros profissionais que não jornalistas para compor seu quadro de profissionais. Pelos mais variados motivos, que não cabe nesse momento especular.
    Mas em função disso questiono: todos aqueles que já cursaram a faculdade de jornalismo ou os que não são diplomados, mas trabalham na área, compreendem que o ofício jornalístico não se limita apenas a esfera gramatical. Não basta apenas escrever bem, embora isso seja o fator determinante. O jornalismo engloba outras atividades, como o telejornalismo, o radio jornalismo… E todas estas, tem suas peculiaridades e diferenças, como a composição de laudas, TP’s, grades, sonoras, passagens, entre outras. Estas particularidades serão ensinadas a estes por quem? Pelo mercado?
    Não creio que o mercado se interesse por isso. Se assim o fosse, nem seria necessária esta discussão, já que as próprias organizações de comunicação lapidariam seus profissionais. E quando digo isso, não coloco como quadro definitivo. Sei que uma pessoa esforçada é capaz de dominar estas pequenas técnicas e burocracias com um cotidiano regular no mercado. Mas aí questiono mais uma coisa: estaria este mesmo mercado disposto a abrir mão desse tempo em função da qualificação de um dos seus contratados ou ele prefere alguém que já esteja amplamente habituado a todas as necessidades do processo, no caso, um diplomado?
    No meu entendimento, este quadro trata-se de uma das facetas que você também apontou em uma de suas tréplicas. Inexistência de condição necessária.
    Mas finalizo, reavendo e refletindo o seguinte. Nem só jornalistas produzem informação. Muitos outros profissionais, de outras áreas distintas são capazes de fazê-lo (em partes). Tanto que muitos destes profissionais ou seus respectivos conselhos profissionais, sindicatos, organizações ou seja lá o que for, mantém impressos.
    Criemos uma cena hipotética. Nesse caso, se fosse você o responsável por um órgão sindical ligado ao direito, como a OAB. Suponha que a sua formação seja no curso de direito e que você não tenha a mínima noção do jornalismo em si ou dos passos para a sua execução. Numa reunião com as pessoas da sua diretoria, vocês optam por confeccionar uma revista do órgão. Qual profissional você buscaria para dirigir esse projeto? Um jornalista formado ou um profissional não formado? Talvez um jornalista formado, já que o nome dele no expediente garantiria um desconto no papel garantiria um desconto no valor do papel.

    Raphael Vaz

    quarta-feira, 12/11/2008 at 15:09

  20. Caro Raphael,

    O fato de a China não exigir diploma de jornalismo e não ser um país em que se respeita o direito de expressão não serve como argumento favorável à obrigatoriedade. Na relação transcrita por você tem predominam países que a imprensa tem maior liberdade. Além do mais, para ser coerente com essa linha de argumentação, você deveria ter levado em conta, nesse mesmo artigo meu citado por você, os demais países que adotam essa exigência: África do Sul, Arábia Saudita, Colômbia, Congo, Costa do Marfim, Croácia, Equador, Honduras, Indonésia, Síria, Tunísia, Turquia e Ucrânia.

    É muito bom que você busque fontes além deste debate. Mas esse artigo é sumário demais, pois serviu apenas para atender ao convite da Gazeta de Vitória para fazer um si/não. Neste mesmo blog há o link “Dossiê diploma de jornalismo e CFJ” na coluna à direita, que leva a uma relação de diversos outros artigos, inclusive aqueles a que me referi acima nas repostas a Plínio, Rogério Christofoletti e Patrícia, nos quais minhas posições sobre essa questão já foram expostas: “Diploma de jornalismo” e “A liberdade de expressão e o diploma de jornalismo”.

    Sobre produzir informação, sua interpretação está na linha da questão se podem os formados em outras áreas produzir informação jornalística. Mas o que ressaltei no artigo acima é que a informação é algo muito mais amplo, que não se restringe à atividade jornalística, inclusive nos textos dos dois documentos internacionais citados. Verifique, por favor.

    Saudações,

    Maurício Tuffani

    Mauricio Tuffani

    quarta-feira, 12/11/2008 at 18:28

  21. Lendo todos os textos.

    Raphael Vaz

    quinta-feira, 13/11/2008 at 13:06

  22. Olá Tuffani

    Sou estudante do primeiro ano de Jornalismo e tenho acompanhado a discussão relacionada ao curso que escolhi e almejo concluir. Realmente eu não quero receber apenas um diploma daqui três anos, mas quero um símbolo da formação técnica, com os princípios para apurar, escrever e falar, e principalmente ética, com os princípios para exercer um jornalismo útil, honesto e de credibilidade, aprendidos no decorrer do curso.
    É essa formação que diferencia o profissional competente (gerador de notícias e formador de opiniões) do cidadão comum, que exerce sua liberdade de expressão em todos os momentos de sua vida independentemente de sua profissão. Ele a exerce através de suas decisões, conversas, e-mails, piadas, artigos em seus blogs (meio midiático pelo qual conseguem um público de milhares de pessoas, sem necessidade de roubar o nome “jornalista”). Roubar? Sim, roubar. O jornalista não é, e nunca será o dono da opinião, aliás, o cidadão comum mostra mais suas opiniões do que o próprio jornalista, submisso à organização que pertence. Mas o jornalista é o coletor de informações, que com sua formação acadêmica faz as apurações necessárias de forma ética e responsável contribuindo com a sociedade. Somente merece o nome de jornalista aquele que passou pelo processo de aprendizado e adquiriu a técnica e a ética.
    Infelizmente há muitos jornalistas atuantes no mercado que não merecem ser chamados de jornalistas. Através dessa análise há diversos fatores que podem ter contribuído para isso e entre os principais poderíamos citar a má qualidade do ensino em nosso país em dezenas de graduações. No ano de 2007, por exemplo, apenas 19,09% dos bacharéis em Direito foram aprovados no exame da OAB (Ordem de Advogados do Brasil) e menos da metade dos médicos formados (44%) passaram no exame do Cremesp (Conselho Regional de Medicna do Estado de São Paulo). Entre as piores notas no Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) encontram-se alguns cursos de Administração e de Engenharia Civil, que reprovaram em todas as edições da prova desde 2004.
    Creio que este debate da obrigatoriedade do diploma seja desnecessário, pois enquanto argumentamos o fim da profissão que monitora nosso país e atua como mediadora entre a sociedade e seus governantes de forma reponsável, nós deixamos de lado a real necessidade existente: a de reformas na maneira de educar nossos profissionais. E sem um jornalismo sério, essa mudança nunca acontecerá.

    Raquel derevecki

    quinta-feira, 13/11/2008 at 16:29

  23. O diploma não vai abrir facilmente as portas do mercado de trabalho e nem me capacitar para enfrentá-lo. Também sei que a faculdade por si só não vai me deixar com o melhor texto, a crítica mais apurada e nem as melhores ideias. Mas o caminho que percorro pra chegar até o diploma é que vai me fornecer as chaves para abrir essas portas.

    O bom jornalismo e feito por bons profissionais, bons jornalistas. Com toda certeza que me é possível, esses são mais fáceis de serem encontrados nas carteiras da faculdades do que em rodinhas nas praças da cidade. O diploma não é certificado ISO e não vai mudar o problema do bom ou mau jornalismo, mas a trajetória percorrida pra consegui-lo é que mostra quem o merece ou não, quem deve exercer a profissão ou não.

    Dayse Hálima

    quinta-feira, 13/11/2008 at 22:02

  24. A discussão de Christofoletti foi para o caminho ideológico, como ele não gostaria que fosse. Quando ele cita que “o exercício da profissão necessita de preparo técnico, de rigor ético, de comprometimento com o interesse público, entre outros fatores que incidem concretamente na vida das pessoas”, diz como se esses pontos só fossem obtidos com o diploma. Quando se trata de preparo técnico, podemos dizer que o estudo é importante, mas ele não necessariamente passa pelas universidades. Agora, rigor ético e comprometimento com o interesse público não são obtidos nem de longe com um diploma. A consideração do Mauricio Tuffani é muito clara quando diz não existir um caminho único para se obter tais qualificações.

    O artigo que diz que todo ser humano tem direito à liberdade de opinião e expressão, podendo transmitir informações e idéias por quaisquer meios, Christofoletti não se atentou para a palavra quaisquer meios. Se o ser humano tem direito à liberdade de expressão, ele pode usá-la em um meio como um jornal não pode?

    Quanto à comparação da obrigatoriedade do diploma de jornalismo com o diploma de direito e de medicina, o abismo é claro e imenso, acho de uma insensibilidade tremenda tentar comparar essas profissões, pois suas exigências são muito diferentes e para ser um jornalista comprometido e com padrões éticos não é necessário o diploma na área.

    Mais uma vez deixo claro que não sou a favor de abolirmos o curso de jornalismo e qualquer um poder entrar no jornal e escrever. Mas a profissão jornalista vai muito além de uma universidade. O valor dela deve ser reconhecido, mas não supervalorizado de maneira hipócrita, transformando os diplomados em seres sagrados e únicos em transmitir uma informação.

    Naysa Rabêlo

    sexta-feira, 14/11/2008 at 8:01

  25. Caro Maurício Tuffani,

    Acompanhei o “debate” entre você e Rogério Chistofoletti, e analisei todos os comentários desta página. Enquanto lia sua postagem, o questionamento que me intrigava foi o mesmo feito por Raphael Vaz, mas que ficou sem resposta. Confira:

    “Foi quando, estabelecendo esta reflexão na minha mente, me deparei com uma de suas tréplicas a um dos comentários realizados por um de seus leitores. Vide: “Um curso de jornalismo deve, acima de tudo, ser o diferencial na formação profissional”. O pensamento lógico me leva a crer que um dos benefícios de concluir o curso de jornalismo é a obtenção do diploma. E pelo que entendi, por suas próprias palavras, o diploma, que é o fator conseqüente da realização da faculdade, é um diferencial na formação profissional e conseqüente atuação no mercado. Logo, para um quadro profissional como esse, em que o número de concorrentes supera e muito o número de vagas nas empresas, o melhor caminho para se diferenciar do profissional comum é o da realização curso de jornalismo, ou deveria dizer, possuir o diploma?”

    Concordo com você quando diz que cientistas, professores e especialistas possuem (e como!) qualificações para produzir informação sobre os assuntos aos quais de dedicam. No entanto, isso não daria margem para a imparcialidade? Compreendo por vários motivos que a imparcialidade pura e total é uma utopia, mas se um cientista é favorável à clonagem humana, não escreveria um texto a favor de seu ponto de vista? Porque não deixar que um jornalista, treinado por uma escola decente consulte o mesmo profissional e outros para confrontar opiniões, e permitir que o leitor decida de qual lado quer ficar? Isso garante a opinião do cientista na matéria, mas acrescenta outras opiniões. Os especialistas produzem sim informações sobre suas áreas, mas através dos jornalistas. Em seu texto “O estreitamento da razão” encontrei a seguinte frase: “Isto é, o exercício de uma profissão exige conhecimentos técnicos, competências e habilidades para ser efetivado.” Temo deixar as redações nas mãos de diversos especialistas, pois com toda autonomia que têm em suas áreas podem produzir apenas especulações. Quem garantirá a informação mais equilibrada? O leitor se satisfaz com que tipo de profissional assinando a informação que chega até ele: um especialista ou a pluralidade de vozes que garante o jornalista de carteirinha?

    Penso que o verdadeiro motivo dessa discussão não deveria ser exigir ou não exigir o diploma, mas sim fechar ou não fechar as más escolas de jornalismo. Neste caso, tenho uma lista de escolas que eu brigaria para que nunca tivessem nem existido. Como você mesmo disse, é inconcebível ter mais de 50 mil novas matrículas anualmente somado à multidão de jornalistas que já está no mercado. Deveriam se extinguir as escolas medíocres em que o aluno produz uma miséria de material prático durante o curso e aprende que seus conhecimentos sobre a escola de Frankfurt são o suficiente para bater à porta de uma redação. Existem sim escolas que capacitam o foca para o mercado. Porque então não banir as outras e estreitar (dificultar, melhor) o processo seletivo das boas academias para garantir bons peixes e excluir os semiletrados?

    Gostaria muito de ler um resposta sua.

    Cristiane Lüscher

    sexta-feira, 14/11/2008 at 9:43

  26. Cara Cristiane,

    Primeiramente, não se trata de deixar o jornalismo por conta de especialistas de outras áreas. Assim como muitos outros editores e chefes de assessoria que tiveram outras formações, eu mesmo, que tenho selecionado profissionais nos últimos anos, tenho dado geralmente preferência para que vem de cursos de jornalismo. Posso lhe assegurar que independentemente de ser a favor ou contra a obrigatoriedade do diploma, ninguém, entre os que têm responsabilidade editorial ou de assessoria, quer se arriscar a perder tempo e dinheiro com pára-quedistas ou com gente que está fazendo experiências alhures. Há uma série de lendas sobre veículos seriam freqüentes coisas do tipo chamar “aquele amigo que gosta de escrever e é inteligente”, mas isso é conversa fiada. É claro que há exceções, mas, como isso é mau negócio, são muito raras e não prosperam. Aliás, as piadas-verdade sobre incompetentes “casos do(a)s chefes”, mas com emprego, sempre se referem a pessoas que têm o canudo.

    Em segundo lugar, a “imparcialidade”, “neutralidade” ou “independência” não são privilégio de jornalistas. Isso não faz o menor sentido. E vou mais longe: os jornalistas em geral deixam muito a desejar nesses quesitos em relação, por exemplo, aos cientistas em geral. Sabe por que? Enquanto geralmente qualquer paper mediano faz menção a teses contrárias à de seu autor, a maioria esmagadora das matérias jornalísticas, em diferentes tipos de meios e em todo o mundo (não é problema só do Brasil), omite sumariamente o contraditório ou simplesmente o “macaqueia”. (A esse respeito, reuni um interessante material em meu artigo “O mal-estar na informação”). Nesse sentido, não me leve a mal, mas a carteirinha não garante nenhuma “pluralidade de vozes”. Onde está a pluralidade de vozes na formação dos jornalistas que, em sua esmagadora maioria, chegam ao final de seus cursos sem terem sido ensinados sobre a regulamentação da profissão em outros países? Onde está a pluralidade de vozes da chamada imprensa alternativa, que não tem a desculpa de ser manipulada pelos patrões, mas é unilateral? Onde está a pluralidade de vozes dos sindicatos de jornalistas que filtram as informações e referências que publicam em seus veículos?

    Em terceiro lugar, o objetivo do texto acima foi o de apontar como equívoco, no seu contexto original de interpretação do artigo 13 da Convenção Americana dos Direitos Humanos (ver remissões acima), a afirmação do professor Christofoletti de que “o artigo não menciona ‘produzir’ ou ‘elaborar’ informações”. Tratava-se, nesse contexto, das condições de aplicabilidade à atividade jornalística desse dispositivo, que tem força de lei no Brasil.

    Finalmente, sobre “a verdadeira questão” e o problema da qualidade dos cursos. A questão sobre a obrigatoriedade está posta porque uma formação específica só pode ser exigida por lei (no âmbito de cada empresa, cada uma pode estabelecer sua política de contratação) se ela é condição necessária para as qualificações exigidas pela profissão. Sobre fechar a maior parte dos cursos, nada melhor que o fim dessa reserva de mercado que não existe na maioria dos países, que por si só levará ao desestímulo de muitos empresários do ensino superior. Mesmo que algum dia neste país seja posta em prática a utopia de o MEC fechar os cursos ruins, não é saudável para o jornalismo nem para a cidadania restringir o acesso à profissão aos graduados em jornalismo, e o porquê disso está nos artigos citados em comentários acima: “Diploma de jornalismo” e “A liberdade de expressão e o diploma de jornalismo”, além de “Os defensores do diploma e seus debates imaginários”.

    Saudações,

    Maurício Tuffani

    Mauricio Tuffani

    sexta-feira, 14/11/2008 at 10:00

  27. Concordo com você quando diz que cientistas ou outros podem produzir informação. Claro que podem, mas não com qualidade Jornalística.Você pergunta em seu tíulo “Só Jornalistas Produzem Informação?”Claro que não, cidadãos comuns podem produzir informação. O que dizer do jornalismo cidadão, dos blogs, de espaços em jornais onde cidadãos colocam suas opiniões ou sugerem pautas. Isso é produzir informação, mas não de qualidade. Você pode me dizer, Ah existem tantos profissionais de qualidade que não tem diploma, claro também sei disso. Mas concerteza se ele tivesse passado pelo banco da faculdade seria melhor do que é.Se ele é um bom profissional sem diploma quem dirá com ele.Por quê a obtenção do diploma vem através da conclusão do curso superior, e lá a pessoa vai aprender grandes coisas. Conceitos éticos, saber qual caminho do jornalsimo seguir, o curso superior seleciona e qualifica.Igual o Christofoletti citou como se pode estabelecer a desobrigatoriedade do diploma para o curso de Direito, não dá. Ah! eu quero ser um advogado e vou lá e exerço a minha função sem diploma. Quero ver qual a pessoa que procuraria este Advogado para defende-lo em uma causa. Dúvido que exista alguém. E assim se faz para o curso de Medicina, e os demais. O que não pode permitir é fazer Jornalismo sem diploma, o que deve acontecer é reenvidicar melhores salário, melhores direitos, planos de carreira, mudar alguma coisa. Mas permitir trabalhar sem diploma. Ah, isso é um abuso com a população. Diploma deve ser obrigatório. Quer ser Jornalista estude.

    Josemar Campos

    sexta-feira, 14/11/2008 at 10:11

  28. Olá a todos!

    Sou estudante de jornalismo e gostaria de resgistrar rapidamente meu ponto de vista sobre esse tema.
    É confortável para nós estudantes e até para aqueles que já possuem o diploma de jornalismo criticar aqueles que não o tem e que defendem essa posição. Acredito que o meu esforço em fazer o curso de jornalismo tem como objetivo aprender e exercer jornalismo de forma responsável, e concordando com o comentário da Dayse, me preocupa a possibilidade de que pessoas que não possuem diploma estejam fazendo justamente o contrário ao que o verdadeiro jornalista realmente acredita.

    É claro que não dá pra ser fanático, pois esses dias atrás conheci o fotógrafo de uma redação que não possui o diploma de jornalismo e está a 25 anos trabalhando nesse ramo, e na mesma redação. Já nos primeiros instantes da conversa percebi que o cara sabe muito bem o que está fazendo, a algumas fotos dele que eu tive a oportunidade de ver só confirmaram minha opinião. Detalhe: ele não tem diploma e nunca sentou em uma cadeira de faculdade. E aí?

    Esse é um dos pontos que mais geram discussão, porque tem gente que sabe fazer e não tem diploma. O cara é bom por natureza, por experiência! Não tem diploma na parede que supere isso. Agora, voltando ao ponto inicial, eu ainda acho que o diploma é necessário porque dá uma direção e uma base muito boa. Mal não fazer, então, o que é que custa? É bem o que esse fotógrafo me disse: “Não tenho diploma, mas quem tem a oportunidade de ter um não deve deixar passar por nada”.

    Marcelle Ferrari

    sexta-feira, 14/11/2008 at 10:34

  29. Caro Josemar,

    Obrigado por lembrar do chamado “jornalismo cidadão”. Faltou eu comentar isso em outra postagem, “Debate na USP isola falácias sobre exigência do diploma”. Acabo de fazer lá o seguinte acréscimo na forma de PS:

    “Jornalismo cidadão”, por princípio, não é jornalismo. Na maioria dos casos, os veículos em que essa atividade é desenvolvida não devem necessariamente ser considerados jornalísticos. O fato de as novas tecnologias de comunicação abrirem cada vez mais oportunidades de expressão, como os blogs e sites pessoais, traz maior complexidade para o desafio de regulamentar a profissão, mas não serve como argumento contra a obrigatoriedade do diploma. Os veículos que não se pautam pelos preceitos técnicos e deontológicos do jornalismo — o que inclui muitos blogs e sites de pessoas formadas em jornalismo — não são jornalísticos. Não são nada mais que novas fontes.

    Feito esse agradecimento, agora vai uma reclamação, numa boa, com sua observação “Ah! eu quero ser um advogado e vou lá e exerço a minha função sem diploma.” Você pôs seu comentário aqui sem ler os anteriores, entre eles minha reposta acima a Plínio e a Rogério Christofoletti. Você pode não concordar com ela, mas, aqui, neste espaço onde estamos debatendo, não se deve ignorar o que foi dito. Se não concorda, por favor, aponte contra-argumentos de mérito.

    Saudações,

    Maurício Tuffani

    Mauricio Tuffani

    sexta-feira, 14/11/2008 at 12:47

  30. Eu proponho a ética! Com diploma ou sem diploma todo comunicador deveria considerá-la. “Tanto na ética como na filosofia do Direito, sempre é importante que em princípio sejamos responsáveis por nossas ações, precisamente porque são conscientes, controláveis e intencionadas” – Teun A. van Dijk

    Meire Ellen

    sexta-feira, 14/11/2008 at 13:26

  31. Em outubro de 2002 a mídia dirigiu completamente sua atenção para o caso da Suzane von Richthofen. Em março deste ano, os holofotes se concentraram na morte da menina Isabella Nardoni e o julgamento dos suspeitos. Isso já é tradição. A mídia sempre dirige a sua atenção para um caso isolado e muitas vezes, esquece as demais polêmicas que acontecem simutâneamente. Isso é o que acontece com a incansável discussão sobre a obrigatoriedade do diploma para o exercício do jornalismo.

    Não que o assunto não seja importante, muito pelo contrário, mas nos cursos de jornalismo a polêmica sempre tem lugar reservado em pauta e não se chega a um consenso. Não adianta. O mercado é competitivo, e certamente esse temor em liberar o exercício da profissão não é nada mais do que medo em não ter emprego. Mas um senso comum sempre é certo: para quem é bom sempre há espaço. Se um economista entende mais que um jornalista sobre o assunto e escreve muito bem, qual o problema de o profissional integrar os funcionários de um jornal? “Atribuição exclusiva dos jornalistas?” Isso não faz sentido. Se concordarmos com essa declaração temos também que afirmar que os jornalistas são superiores aos demais profissionais. Verdade? Mito.

    A verdade é, por mais que a Fenaj, universidades, blogs discutam, é impossível chegar a uma única opinião. Se isso acontecer, não seremos jornalistas ou aspirantes à profissão. Como toda mundança, a possível obrigatoriedade do diploma apresenta dois lados da moeda. Outros países de primeiro mundo não exigem o diploma para o exercício da profissão e mesmo assim mantém uma qualidade invejável em seus jornais.

    Lendo os comentários dos meus colegas gostaria de salientar um tópico interessante. O Raphael Vaz e a Cristiane Lüscher ambos comentam sobre esse trecho retirado de um de seus textos:

    “A formação superior em jornalismo não é condição necessária nem condição suficiente para o exercício dessa profissão com base em seus preceitos técnicos e éticos. Ela não é obrigatória em países como Alemanha, Argentina, Austrália, Áustria, Bélgica, Chile, China, Costa Rica, Dinamarca, Espanha, Estados Unidos, Finlândia, França, Grécia, Holanda, Hungria, Irlanda, Itália, Japão, Luxemburgo, Peru, Polônia, Reino Unido, Suécia, Suíça e em vários outros”.

    Logo após essa menção feita por Vaz, Cristiane afirma: “Penso que o verdadeiro motivo dessa discussão não deveria ser exigir ou não exigir o diploma, mas sim fechar ou não fechar as más escolas de jornalismo. Neste caso, tenho uma lista de escolas que eu brigaria para que nunca tivessem nem existido. Como você mesmo disse, é inconcebível ter mais de 50 mil novas matrículas anualmente somado à multidão de jornalistas que já está no mercado.”

    Na verdade a questão é fechar as escolas desqualificas ou então aumentar o nível destas escolas. Conseqüentemente, os alunos também terão que levar o curso mais a sério para conseguir o seu espaço. Porém a obrigatoriedade não está relacionada a fechar escolas. Por isso concordo com o Tuffani. Mesmo países mencionados por você como, por exemplo, os Estados Unidos mantém diversos cursos de jornalismo. Ninguém garante que os cursos mais fracos fecharam ou que o nível das universidades aumentou. Se deixar de obrigar o diploma para o exercício da profissão fosse um bom argumento por que ainda continua esta polêmica? Não teria razão.

    Suellen Timm

    sexta-feira, 14/11/2008 at 13:36

  32. É bastante admirável sua disposição para o debate, Maurício.

    Fiz a graduação em jornalismo e estou de acordo que ela não é condição para o exercício profissional.

    Entendo também que uma boa contribuição para o debate sobre qualidade da informação e do trabalho jornalístico é a leitura da revista piauí.

    João Moreira Salles, economista, cineasta e dono da revista, tem produzido reportagens (como a recente sobre o caseiro Francenildo) com um rigor técnico, respeito às fontes e qualidade de texto que são humilhantes para os defensores do diploma a qualquer preço.

    Percebo ainda que um aspecto fundamental tem escapado à essa discussão: a noção de interesse público. É a ele, antes de tudo, que o jornalismo deve servir. E não vejo como a obrigatoriedade do diploma contribui para o interesse público, coletivo.

    Um abraço, and keep it up!

    Fabrício

    Fabrício Santos

    sexta-feira, 14/11/2008 at 13:57

  33. Idependente da obrigatoriedade do diploma, têm que ter uma consciência de que a credibilidade na sociedade está em jogo. O diferencial do jornalista (diplomado) é o poder de argumentação fundamentada. O diploma é indispensável para a prática jornalística. Argumentação, crítica e análise se adquirem e desenvolvem na faculdade e são muito mais válidos do que somente experiências adquiridas pela prática.

    Joyce Meirelles

    sexta-feira, 14/11/2008 at 14:09

  34. Prezado Maurício

    Imaginei que você fosse jornalista.
    Você não acha que sua discussão sobre a obrigatoriedade ou não do diploma de jornalismo fica sem fundamento, já que não passou por quatro, preciosos, anos na faculdade?
    Não acha que é muito fácil defender uma questão que, ao meu ver, não deveria nem ser questionada?
    Entenda, de uma vez por todas, “liberdade de expressão” é muito, mas muito diferente de “jornalista”. Talvez se você tivesse passado por uma universidade, saberia entender esta diferença e hoje estaria do lado de cá, defendendo o diploma que tanto almejamos.
    Discutir é fácil, dificil mesmo é ter razão quando não há argumentos coerentes.

    Raquel Canedo

    sexta-feira, 14/11/2008 at 15:54

  35. Prezada Raquel Canedo,

    Nunca acreditei ser necessário a uma pessoa estudar lógica para evitar argumentos inválidos como os seus, da mesma forma que não é necessário estudar boas maneiras para não ser grosseira. Conheço alguns bons jornalistas que são grosseiros, mas nenhum bom jornalista que use argumentos tão insustentáveis com os que você apresentou.

    Nem perderei tempo comentando o seu penúltimo parágrafo, que demonstra seu desconhecimento de que muitos dos que estudaram ou estudam jornalismo são contrários a essa exigência, que infelizmente teve hoje, com você, uma defesa que não foi nada boa.

    Caso você se arrependa de ter enviado esse comentário, estou à sua disposição para apagá-lo.

    Maurício Tuffani

    Mauricio Tuffani

    sexta-feira, 14/11/2008 at 16:14

  36. Acredito que existe pessoas que não são graduadas em Jornalismo que tenha capacidade para desenvolver essa profissão. No entanto, a obrigatoriedade do diploma é um sinal de organização dentro da Comunicação. É uma profissão muito importante e deve ser regida com regras e ordens para que haja um bom funcionamento. Deve sim haver um filtro. E quanto à comparação com outros países não vejo como um argumento convicente. Por que não comparamos também o salário? Seria interessante não seria? Brasil é Brasil. Europa é Europa. Se fosse pra copiar tudo então com certeza estaríamos como país de primeiro mundo. Mas não dá. São realidades diferentes. Continuo afirmando que o que deve ser avaliado é a qualidade do ensino. Esse sim é um assunto interessante de ser investigado e criticado e não a questão de desobrigar o título. Isso é regressão. Precisamos inovar e não retroceder na história.

    Suzaeny Lima

    sexta-feira, 14/11/2008 at 16:50

  37. Prezada Suzaeny,

    A principal finalidade da comparação com outros países é mostrar que a formação específica em jornalismo não é condição necessária para exercer a profissão. Se não é condição necessária, não pode ser exigida por lei, nos termos da Constituição Federal e de outros dispositivos que têm força de lei no Brasil. Veja minha resposta acima a Plínio e a Rogério. Estou à sua disposição para críticas à consistência dela.

    Ressalto que seu argumento baseado em “Por que não comparamos também o salário? Seria interessante não seria?” não passa daquilo que em lógica se chama falácia do Argumentum ad populum, usada para angariar a simpatia das massas sem levar em conta o mérito do argumento contrário. É, desse modo, um expediente evasivo que dá a impressão enganosa de ser de confronto de idéias.

    Saudações,

    Maurício Tuffani

    Mauricio Tuffani

    sexta-feira, 14/11/2008 at 17:02

  38. Tuffani, você foi fino demais com essa pessoa que tentou te desqualificar. Deveria tê-la fustigado como faz com aqueles atrevidos do Comunique-se e do Observatório. E está tendo muita paciência com gente que não lê os outros comentários.

    Sérgio Noronha

    sexta-feira, 14/11/2008 at 18:49

  39. Acredito que muito se tem debatido neste espaço sobre liberdade de expressão. Tuffani, essa liberdade de fato é um direito de todo o ser humano, uma vez que o mesmo pensa e exerce seus direitos e deveres perante a sociedade. No entanto, não devemos correlacionar este fato ao exercício da profissão de jornalista. Não digo que o direito da informação seja exclusivo deste profissional, porém deve-se levar em conta diversos fatores que fazem do texto de um formado teóricamente superior ao de um leigo. Somente com a faculdade temos a exata noção do que, de fato é o jornalismo. Ressalvo o fato de que não é garantia de excelencia na profissão o simples fato de se ter um diploma. No entanto, assim como em qualquer outra profissão, aqueles que passaram alguns anos atrás das carteiras da sala de aula para obter conhecimentos específicos na área que escolheu atuar, têm melhores condições de exercer sua profissão se comparado àquele que se aventura. Essa discussão de obrigatoriedade ou não do diploma de jornalismo não deveria existir em hipótese alguma. Temos muito mais questões relevantes a considerar do que este simples espetáculo ridículo que se foi proposto.
    Li nesta semana que o MEC está estudando atuar sobre as grades curriculares do curso de jornalismo e que seria proposto uma inciativa de formar jornalistas em apenas 2 anos àqueles que já possuem outra faculdade concluída. Desta maneira sim poderemos ter novos jornalistas que, por mais que passem menos tempo tendo aulas específicas, sairão com uma boa noção do que de fato é o jornalismo: uma profissão séria e descente, como qualquer outra e que não deve ser tratada como um mero brinquedo na mão de crianças grandes.

    Rogério Cardoso

    sexta-feira, 14/11/2008 at 19:04

  40. Prezado Rogério Cardoso,

    Você diz que “não devemos correlacionar este fato [o direito de expressão] ao exercício da profissão de jornalista”. Mas não explica por que acredita nisso, nem se contrapõe à explicação dada por mim na resposta a Rogério Christofoletti e a Plínio. Em outras palavras, você está opinando sem considerar argumentos que já foram formulados. Sem falar que faz comparações que não tem como provar (a alegada superioridade do texto de quem é graduado) e faz afirmações que até mesmo muitos defensores da obrigatoriedade do diploma sabem que são inverídicas (“Somente com a faculdade temos a exata noção do que, de fato é o jornalismo”). Estarei à sua disposição se você apresentar explicações ou contra-argumentos.

    Saudações,

    Maurício Tuffani

    PS — Só concordo com uma afirmação sua: esta discussão não deveria existir. Bastaria, para isso, essa obrigatoriedade nunca ter existido, o que, aliás, teria amenizado essa proliferação dos cursos de jornalismo no país, em vez de ter sido essa metástase.

    Mauricio Tuffani

    sexta-feira, 14/11/2008 at 20:48

  41. Vamos aos fatos… se há tal discussão é porque existem pessoas sem o tão idealizado diploma que possuem os atributos para exercer a prática jornalística. Se assim não fosse, bastaria aos graduados e graduandos destacar a má qualidade do trabalho daqueles que estão inseridos no meio jornalístico e não possuem o diploma. No entanto esse argumento não existe! Aqueles que não têm a graduação e trabalham com jornalismo são bons, escrevem bem, tem senso crítico, cultura, um olhar peculiar e emprego em vertentes diversas. Se assim não fosse eles não estariam onde estão!
    Uma premissa exaltada e requisitada no meio jornalístico é o olhar além dos fatos e isso não depende de um canudo com bordas douradas mas de cultura, pesquisa e senso crítico. Os bancos e cadeiras de qualquer graduação podem ensinar diversas coisas a seus alunos mas formar críticos que saibam olhar a sociedade com olhos que poucos ou ninguém possua, nem que para isso se inflame em muitos o desejo de ver tais olhos arrancados, isso graduação nenhuma pode implantar, isso depende de esforço pessoal e, porque não, de um místico e indescrito talento nato.
    Não sou jornalista nem pretendo sê-lo, todavia como academica e cidadã estou a mercê das mais diversas informações e opiniões que me são, diariamente apresentadas. Como a esmagadora maioria da população leio o texto ou a notícia, avalio e julgo sua validade sem antes ver o título do seu autor. e posso garantir, que o título de jornalista não me garante um texto de qualidade nem aquele tão procurado olhar crítico que destaca pessoas independente de seu título.

    ana carolina da silva

    domingo, 16/11/2008 at 8:46

  42. Devemos antes de tudo, focar a principal questão que envolve essa discussão. Não é só alguém que tenha um diploma que pode lidar com a informação que será repassada para ouros seres humanos. Existem outras questões: medo de aumentar o desemprego dos diplomados, reclamação quanto as más faculdades, que o jornalista é um produtor de textos, e pode ser substituído pelo próprio objeto em foco, no caso um técnico da área abordada? Tudo isso não altera a necessidade da sociedade, da qual fazemos parte, nem o que ela espera de nós jornalistas, e nem obriga a cada um de nós sermos os melhores nas nossas práticas.

    Uma das coisas que mais me chamam a atenção é ver o quanto a classe está dividida. Não vejo como alguém que goste de sua profissão não invista no estudo e crescimento da mesma, e queira de alguma forma contribuir para que ela venha perder seu valor.
    O que a sociedade exige não são bons, mas ótimos profissionais em todas as áreas que ela necessita, e eles obrigatoriamente passam por critérios de seleção. Idade, cursos e qualificações, obrigações com a sociedade e mais vários critérios que dependem de sua área de atuação.

    Ficar contra o diploma é não fazer coisa alguma contra tudo o que está errado. É como se aceitássemos que a coisa está ruim, não vai mudar, então aceitamos o errado como certo. A faculdade pode ser ruim, mas desobrigar as pessoas a fazê-la a faria melhor? Vamos mudar a lei, pois o errado tem que virar certo? E já que pensamos no melhor pra sociedade, vamos terminar com a obrigatoriedade dos cursos superiores de direito e medicina, que sabemos serem muitos deles oportunistas e que não estão preparando bons profissionais e só pensam no lucro. Essa comparação pode ser radical, mas é assim que eu vejo a questão das faculdades que não preparam bons profissionais.
    Sabemos que existem países que não exigem o diploma, mas não podemos esquecer que lá a realidade pode ser outra. Nunca podemos nos comparar a países politizados e que a qualidade de ensino é indiscutivelmente melhor como os Estados Unidos e alguns países europeus. E nem vou entrar nos méritos salariais, comparando desenvolvimento econômico. Mas mesmo nesses países onde a desobrigatoriedade ocorre praticamente só quem é formado entra em uma redação. Ninguém se arrisca porque?

    O que quero expor é qual caminho devemos tomar. Abrir mão dos estudos das teorias e da melhor prática para exercer o jornalismo? Não vejo justificativa alguma para este caminho, mas vejo inúmeros motivos para fortalecê-lo. Não é só porque eu sou estudante que desejo terminar a faculdade e quero que meu diploma tenha valor. Quero pensar além da minha carreira e do meu emprego e ver quantas pessoas seriam beneficiadas, tanto da classe nas questões sindicais e a população na questão qualidade jornalística.

    A liberdade de imprensa é questionada devido à idéia que temos do que é ser livre para expressar sua opinião. Espaços existem para divulgarmos nossas idéias, desejos, anseios, reclamações, etc. Usando bom senso e maneiras corretas isso pode ser relevante para a sociedade. A tecnologia está ai para isso e blog, fotoblogs e sites servem para isso. Mas tudo deve ser fiscalizado e feito com critérios de qualidade. Quem seria responsável então para cuidar desses critérios se não quem recebe instrução como proceder com a informação? Instrução essa que pode vir sim de anos de prática em uma redação com profissionais mais que comprovadamente reconhecidos, mas que tiveram convívio com pessoas que se graduaram em alguma faculdade e isso ajudou no inicio de sua carreira a saber como proceder na profissão de jornalista.

    Sabemos que existe força dos grupos jornalisticos, e que suas linhas editoriais fazem o profissional não poder muitas vezes pensar e expor o que realmente acredita ser certo, o que faz ele se tornar apenas um meio de divulgar a ideologia do veículo. Isso eu vejo como prejudicial, visto que somente visa o bem da empresa e o lucro. Se profissionais graduados
    sofrem essa pressão e se sujeitam a ela, imagine quem não tem formação e desconhece esse mundo desconhecido de jogos de interesses chamado redação.

    Devemos rever quais as questões primordiais a serem discutidas e voltar nosso foco para elas. Se comprovarem que sem diploma o jornalismo ficará melhor, as faculdades terão acréscimo de qualidade, servirá melhor a população e a classe ficar fortalecida eu serei a favor da não obrigatoriedade do diploma. Mas por enquanto, analisando os dois lados da questão ainda prefiro que o diploma tenha seu valor e quem o tenha faça por merecer o título, e que a discussão possa terminar de uma vez por todas para que toda a sociedade, a qual também fazemos parte, venha a ser beneficiada.

    Fabiano Dresch

    domingo, 16/11/2008 at 11:29

  43. Prezado Maurício,
    Acredito que você não goste muito de ser contrariado. Mas tudo bem.
    O fato que citei de que somente quem faz uma faculdade tem a real noção do que é o jornalismo é verdadeira. Quem simplesmente se aventura no meio da notícia não tem a mínima noção de quanto é complexa a área e não é somente sentar na frente de um computador e sair escrevendo coisas.
    Outro ponto que você criticou sobre meu argumento é sobre a questão “sair na frente” aqueles que têm uma faculdade. E é verdade. As técnicas de apuração, entrevista e métodos de se escrever são primordiais para uma notícia ser levada a sério.
    Aqui não digo que TODOS aqueles que se formam têm condições e são superiores que os não formados, pois como já disse, a faculdade serve para nos preparar para o mercado com embasamentos. Porém é impossível não levar em consideração o fato de que uma faculdade não seja necessária para a formação de um profissional.
    Se o jornalismo não precisa de diploma, nenhuma outra profissão também não precisaria ter. Assim como qualquer pessoa pode escrever e dar uma notícia, qualquer pessoa também poderia pegar um livro de leis, lê-lo e sair advogando por aí.
    Repito, esse debate sobre a obrigatoriedade não faz o menor sentido, sendo que existem diversos outros fatores a serem levados em consideração.
    Agora, acredito que a humildade deve fazer parte de qualquer profissional ou quase-profissional, certo?

    Rogério Cardoso

    domingo, 16/11/2008 at 11:58

  44. Rogério Cardoso, não há problema nenhum em me contrariar. Mas você não o fez até agora. Não contestou argumentos meus apresentados aqui nesta mesma página e, sem fundamentar, simplesmente disse o que acha. Ou seja, apenas deu opinião. E não estou interessado em discutir opiniões não explicadas devidamente, nem mesmo se forem ditas para concordar comigo. Além disso, você incorre em contradição: primeiro, afirma que “somente quem faz uma faculdade tem a real noção do que é o jornalismo é verdadeira”; depois, diz que “é impossível não levar em consideração o fato de que uma faculdade não seja necessária para a formação de um profissional”. Não sei nem me interessa saber se você é um profissional ou um “quase-profissional” (termo que você usou), mas sua articulação de premissas e conclusões acabou sendo um quase-argumento.

    Mauricio Tuffani

    domingo, 16/11/2008 at 19:28

  45. Tuffani, concordo com o Sérgio. Você está tendo paciência demais com certos visitantes.

    Tenho acompanhado desde sua primeira postagem em 2005 este blog, que considero um dos melhores que conheço. Parabéns pelo trabalho. Sou formada em jornalismo, mas nem tentei exercer essa profissão porque fui praticamente obrigada, por ser irmã (bem) mais velha de uma grande família a tocar a empresa dos falecidos pais para segurar a barra de todos.

    Nunca me pronunciei aqui, nem costumo fazer isso na web. Hoje é a indignação que me leva a fazer esta manifestação.

    Deveria procurar outro espaço para suas provocações esse visitante que veio com essa conversa de “quase-profissionais”. E o pior é que ele usou essa expressão dissimuladamente: não disse se foi em relação a você, mas insinuou. E, da mesma forma que procedeu em relação à provocação feita antes por outra pessoa, você não respondeu na mesma moeda.

    Apesar disso, faço questão de deixar registrado um aspecto que certamente você notou, mas não quis explorar: como pode insistir na tese do “texto de um formado teóricamente superior ao de um leigo” alguém que, além de não pontuar corretamente o que escreve, comete sucessivos erros de concordância de número e gênero, sem falar em desastres como “descente”.

    Um grande abraço.

    Débora Martins
    Goiânia – GO

    Debora Martins

    segunda-feira, 17/11/2008 at 18:30

  46. Cara Debora,

    Agradeço pela atenção ao blog e por seus elogios a ele. Agradeço também por ter aplicado certos adjetivos apenas a atitudes de pessoas, e não a elas próprias.

    Sobre os descuidos gramaticais apontados, prefiro não entrar nessa linha de resposta por mais numerosos que eles tenham sido. Se o foco de nossa discussão está nos argumentos do texto acima e nos comentários que o discutem no mérito, optar por apontar esses erros é uma forma indireta de desqualificação de quem os cometeu. E isso é incorrer no expediente que em lógica é conhecido como falácia do argumentum ad hominem.

    Quanto à tentativa dissimulada de me desqualificar como profissional, deixemos isso de lado. Sei o que sou, mas isso também não é o que importa. Mesmo sem baixar o nível, já perdi muito tempo destroçando ataques indignos, principalmente de veteranos de redações, sindicatos e da academia. Mas isso cansa e nos desvia do essencial.

    Precisamos manter o foco no debate. Na minha opinião, seria melhor se ele estivesse ocorrendo no espaço de comentários do texto “Debate na USP isola falácias sobre exigência do diploma”. Começo a desconfiar que tem muita gente que prefere contornar esses pingos postos nos is.

    Saudações,

    Maurício Tuffani

    Mauricio Tuffani

    segunda-feira, 17/11/2008 at 19:44

  47. Prezado Maurício;

    Cientistas, professores,doutores e especialistas possuem condições de falar sobre as áreas que dominam, devem ter, se não creio que não estariam no nível em que se encontram. Porém pelo pouco tempo de esperiência que tenho e ainda como uma mera aluna, ja percebi que nem todos tem a capacidade para passar informações ao agrado do publico. E jornalismo é para todos independente da classe social, todos devem e querem entender os fatos do dia a dia. Aliás, pelo que tenho percebido não faz parte dos interesses da maioria dos profissionais que você citou a paciência de pensar no público alvo e talvez nem todos tenham um conhecimento de mundo que nós, aspirantes a jornalistas, conseguimos gastando horas a discutir sobre as características de cada receptor das nossas mensagens. Como já disse o meu colega Rogério, jornalismo não é só sentar em frente ao computador e escrever o que der na telha. Entender o receptor e tentar adequar-se as suas necessidades: esta tarefa nós jornalistas aprendemos durante 4 anos nos bancos da faculdade enquanto pagamos o preço pelo nosso “Tão almejado diploma”. Discordo de quem afirmou que somente jornalistas têm capacidade de falar sobre os mais variados assuntos, essa afirmação é ilógica e chega a soar sarcástica da forma que você a utilizou para introduzir o texto. Porém penso que informação é sinônimo de compromisso com o receptor e um bom jornalista sabe o cuidado que deve ter para que as informações cheguem com rapidez, clareza e precisão. Como você já disse nem todos os jornalistas saem de uma faculdade já preparada para assumir o compromisso de transmitir informações precisas ao leitor, isso é resultado da frouxidão de nossas instituições de ensino que permitem passar em suas malhas finas este tipo de profissional descomprometido com a profissão que escolheu. Apesar da existência dos descomprometidos, permanecem profissionais que abraçam firme a carreira que escolheram e que podem continuar com o compromisso de transmitir as informações para o público. Bem ou mal quem se prepara em uma faculdade de jornalismo ainda possui a vantagem de conhecer melhor o consumidor e o universo em que está inserido, se hoje a comunicação já depende dos interesses da linha editorial, imagine quando não houver mais o juramento feito na hora da formatura. Acho que a informação, como nunca, ficará nas mãos do monopólio dominante.

    Patrícia Matter

    terça-feira, 18/11/2008 at 14:59

  48. Prezada Patrícia,

    Ditas por quem tanto exalta a importância de um curso de jornalismo para aprender a trabalhar adequadamente a informação, muitas de suas afirmações servem como contra-exemplos dessa concepção. Seu comentário usou e abusou do expediente de descontextualizar afirmações para dar-lhes um sentido completamente diferente. Pelo jeito, a manipulação que distorce a informação não é fruto exclusivo dos monopólios da comunicação: nasce também nos bancos acadêmicos, entre aqueles que se dizem “comprometidos”

    Você disse que a primeira frase do primeiro parágrafo do texto acima “chega a soar sarcástica”. Primeiramente, um detalhe: a frase que abre meu texto não é a que “somente jornalistas têm capacidade de falar sobre os mais variados assuntos”. A sentença que usei como afirmação de algo de que discordo tem outro sentido e não é nada mais que um resumo da conclusão, que considero equivocada, que se infere da interpretação, em outro blog, de dispositivos da Declaração Universal dos Direitos Humanos e da Convenção Americana de Direitos Humanos. O equívoco consiste na inferência, como implicação lógica, de que somente o jornalismo lida com informação. Não é um sarcasmo, é uma reductio ad absurdum.

    Trocando em miúdos: você julgou o que não entendeu ou, talvez, o que nem sequer se deu ao trabalho de ler. Aqui, neste blog, ninguém tem desculpas de “pegar o bonde andando”, pois tudo está registrado e devidamente referenciado. Além disso, você distorceu também minha afirmação de que nem todos saem de um curso capacitados. Foi para contestar o contrário diessa afirmação, dito por outros, que eu a usei.

    Sobre o que disse seu colega Rogério, e que você endossa, que “jornalismo não é só sentar em frente ao computador e escrever o que der na telha”: quem disse para vocês dois que só graduados em jornalismo são capazes disso? Para acreditar nessa ficção sem fundamento na realidade, só mesmo com o hegemônico, mas não absoluto, mantra coletivo baseado na renúncia acadêmico-sindicalista a estudar as diversas formas de regulamentação profissional.

    No final das contas, é sempre a mesma retórica que se sustenta numa idéia de jornalismo que só existe no curral de opiniões domesticadas do jornalismo brasileiro em grande parte de suas esferas sindicalista e acadêmica. Em vez de dar uma perspectiva universalista, o ensino universitário de jornalismo acabou produzindo um limitado e provinciano horizonte de referências.

    Mauricio Tuffani

    terça-feira, 18/11/2008 at 17:20

  49. O argumento usado pela patrícia de que : “Entender o receptor e tentar adequar-se as suas necessidades: esta tarefa nós jornalistas aprendemos durante 4 anos nos bancos da faculdade enquanto pagamos o preço pelo nosso “Tão almejado diploma”. ” Só vou citar um exemplo de que o conhecimento sobre o público para quem se escreve e de quem se escreve nem de longe é ensinado apenas nas cadeiras das faculdades de jornalismo. Guimarães Rosa nasceu em Minas Gerais, esteve em Israel, Jerusalém, Europa e diversos outros lugares. Seus pés nunca tocram a árida terra do sertão nordestino entretanto, seu livro Grande sertão: veredas é considerado sua obra-prima e um dos mais importantes textos da literatura brasileira onde ele retrata com perfeição o contexto de tal região. Em dada ocasião, vestiu-se de vaqueiro em uma jogada de marketing para promover o seu livro, no entanto seu traje usual era o típico terno negro. Quem tem dúvidas de que Rosa conhecia seu público-alvo ou o público que fora molde para seu texto? Quem tem talento escreve sobre tudo mesmo sem conhecer pessoalmente nada! Pena que alguns necessitem de quatro anos para receber um diploma que nem de longe é garantia de conhecimento sobre público algum.

    ana carolina da silva

    terça-feira, 18/11/2008 at 17:21

  50. Favor ler antes de enviar comentários

    A fim de deixar nossa discussão mais produtiva, recomendo a todos os interessados em discutir o texto acima que leiam antes “Debate na USP isola falácias sobre exigência do diploma”, sobre o evento na ECA que foi um grande avanço no debate. Vale a pena verificar se os comentários a serem enviados são mais adequados a este espaço ou ao do outro texto.

    Mas, se preferirem debater por aqui, peço que leiam as manifestações anteriores. Comentários ou questionamentos semelhantes a outros já apresentados e respondidos não serão considerados como manifestações a serem analisadas e respondidas. Debate é uma coisa, falatório é outra. E só me proponho a debater.

    Maurício Tuffani

    Mauricio Tuffani

    terça-feira, 18/11/2008 at 17:45

  51. a cada dia mais tenho certeza das poucas condições que o Brasil têm sobre a educação. Um país que pensa em não adotar o diploma para os jornalista exibe uma falta de preparação mostruosa se tratando desse assunto. alguem ja parou para pensar se derepente os medicos não precisasem de diploma como estariamos hoje!! a informação e livre cada um pensa como acha que deve, assim como a opiniçao. só que nem todos sabem passar a informação da maneira correta e devida… agora estou pensando como estaria os jornais a televisão, os sites de informação se os jornalistas fossem qualquer um…acho que ai sim o Brasil seria uma grande festa…quantos não venderiam suas notiçias e esconderiam a verdadeira notiçia da população…esse e um assunto que me faz refletir profundamente e pensar em que ponto estamos chegando!!

    hellem thalita

    quarta-feira, 19/11/2008 at 15:25

  52. já reparou uma coisa… Pelo menos nessa página, aqueles que se propoem à fazer “notíçia” sequer escrevem de forma “descente”. ps: por ” leia-se sic

    Fernada de Bastos

    quinta-feira, 20/11/2008 at 13:35

  53. Tuffani

    Confesso que não sei o que seria melhor, a obrigatoriedade ou não. Concordo que “se uma pessoa tem as qualificações necessárias”para atuar em profissões como publicidade, jornalismo e algumas outras, ela possa exercer sem o diploma. Conheço muitos que atuam sem uma graduação completa e são muito bons no que fazem. Mas também acho que só pelo fato do profissional ter a graduação, ter um diploma em mãos, trás mais confiança, pois é a prova de que ele aprendeu tudo o que é necessário para a profissão.

    paulo holdorf

    segunda-feira, 08/12/2008 at 19:29

  54. É, depois desses comentários, tenho que rever minha defesa sobre a obrigatoriedade do diploma. Realmente, não foram defesas nada boas.

    Tales Tomaz

    segunda-feira, 08/12/2008 at 21:04

  55. Caro Holdorf,

    Você diz que o fato de alguém “ter a graduação, ter um diploma em mãos (…) é a prova de que ele aprendeu tudo o que é necessário para a profissão”. Com o devido respeito, essa afirmação é equivocada. Uma graduação específica em uma determinada área pode ser necessária para as qualificações profissionais, mas nunca é suficiente para isso.

    Exemplo: não é possível ser capacitado para a medicina sem ser graduado em medicina; isso quer dizer que a formação superior em medicina é condição necessária para o exercício dessa profissão. Por outro lado, o fato de alguém ter sido formado em medicina na Johns Hopkins University, em Bethesda, Maryland, não implica que ele seja capacitado para a profissão. Ou seja, a graduação não é condição suficiente para as qualificações profissionais.

    Nenhuma graduação, em nenhuma área, é condição suficiente para exercício profissional. Pode ser condição necessária, e é a discussão em torno desse ponto que importa para a questão da obrigatoriedade do ponto de vista constitucional.

    Cordialmente,

    Maurício Tuffani

    Mauricio Tuffani

    segunda-feira, 08/12/2008 at 22:34

  56. Dá até medo de postar… rs…
    Mas… vamos lá…

    Antes de qualquer coisa desejo parabenizar o blog pelo debate. Acredito que, assim nos remotos tempos de Platão, é através da discussão que se aprende a pensar.
    Compreendí que liberdade de expressão e formação acadêmica em jornalismo, possuem relação apenas indireta. Não é na cadeira que se aprende a ser jornalista, mas sim na observação e ação sobre a sociedade em que se vive; Sendo assim, qualquer profissional que se empenhe em observar e agir sobre a sociedade em que existe pode fazer uso da palavra e agir sobre ela. Mas isso não faz do indivíduo um profissional em comunicação. No entanto, ser um profissional em comunicação também não é prerrogativa para alguém que observa e age sobre a sociedade em que existe.
    Está tudo certo?
    Mas… snif!… logo agora que eu estou no terceiro ano, surge essa discussão para desestabilizar minhas ideologias, sonhos e anseios. O que fazer agora????? Isso fere profundamente minha auto-estima… devo chorar?
    Oh, sr Tuffani, devo me curvar a seus argumentos! Parabéns.

    Anita Leite

    terça-feira, 09/12/2008 at 15:54

  57. Olá Maurício Tuffani! Estive acompanhando o desenrolar do debate do tema proposto. Li suas opiniões e de meus colegas e confesso a você que me pairou uma dúvida na cabeça. Em uma parte do seu texto você afirma:
    “Assim como muitos outros editores e chefes de assessoria que tiveram outras formações, eu mesmo, que tenho selecionado profissionais nos últimos anos, tenho dado geralmente preferência para que vem de cursos de jornalismo. Posso lhe assegurar que independentemente de ser a favor ou contra a obrigatoriedade do diploma, ninguém, entre os que têm responsabilidade editorial ou de assessoria, quer se arriscar a perder tempo e dinheiro com pára-quedistas ou com gente que está fazendo experiências alhures. Há uma série de lendas sobre veículos seriam freqüentes coisas do tipo chamar “aquele amigo que gosta de escrever e é inteligente”, mas isso é conversa fiada. É claro que há exceções, mas, como isso é mau negócio, são muito raras e não prosperam. Aliás, as piadas-verdade sobre incompetentes “casos do(a)s chefes”, mas com emprego, sempre se referem a pessoas que têm o canudo.

    Fiquei me perguntando: Por que você não costuma contratar profissionais não graduados, e é
    contra a obrigatoriedade do diploma? Logicamente,subtende-se que nossas ações devem condizer com a nossa opinião, com o que pensamos, com a maneira como vemos determinados assuntos. Assim, se você não seleciona profissionais que não têm formação em jornalismo, creio que não deveria ser contra o diploma, ao passo que,como você mesmo escreveu as empresas no geral sempre preferem aqueles profissionais que têm o canudo. Dessa forma, obviamente, aqueles que não são graduados em jornalismo ficam em desvantagem no mercado de trabalho com relação aos que possuem o diploma.
    Pela lógica, as pessoas não apóiam aquilo em que não acreditam. Por isso, a sua opinião pessoal é um indício de que não exigir o diploma em jornalismo é o mesmo que não exigi-lo de um médico ou um advogado, por exemplo. Já imaginou você sendo atendido por um médico que nunca frequentou os bancos de uma universidade? Eu não me arriscaria.
    No entanto, a obrigatoriedade ou não do diploma em jornalismo é um assunto que não se entrará em consenso. Afinal, tudo isso gira em torno da concorrência no mercado de trabalho. Mas penso, como você mesmo disse, que entre contratar um profissional graduado e outro não graduado, as empresas optam por aqueles que têm uma formação jornalística. “Sorte” daqueles que são competentes e possuem o diploma.

    Ellen Ribeiro

    terça-feira, 09/12/2008 at 16:33

  58. Prezada Ellen, você não entendeu o que está escrito, como demonstra sua frase “se você não seleciona profissionais que não têm formação em jornalismo, creio que não deveria ser contra o diploma”. Eu disse que em contratações “tenho dado geralmente preferência para que vem de cursos de jornalismo”. Já contratei profissionais não graduados em jornalismo, e nunca me arrependi de fazê-lo. Minha grande preocupação com formados em outras áreas consistia muitas vezes na preocupação com a possibilidade de perder tempo com alguém que estivesse interessado apenas temporariamente pelo jornalismo.

    Mauricio Tuffani

    terça-feira, 09/12/2008 at 17:03

  59. Acredito sim, que pode haver bons jornalistas sem o canudo.Fico me perguntando e o espaço no mercado para os profissionais que dedicaram anos de estudos sendo invadido por “jornalistas” amadores?

    Dalvana Mendes

    sexta-feira, 12/12/2008 at 16:50

  60. Prezada Dalvana, é preciso levar em conta que entre diplomados há aqueles que não têm condições de ser profissionais.

    Mauricio Tuffani

    sexta-feira, 12/12/2008 at 17:15


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